São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 2002

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UNIVERSIDADES

Aumento se deu entre 1995 e 2001, segundo Censo do Ensino Superior, divulgado pelo Ministério da Educação

Cursos noturnos privados crescem 96%

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O número de alunos que cursam universidades e faculdades particulares à noite praticamente dobrou nos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). As matrículas do período noturno na rede privada passaram de 711 mil para 1,39 milhão entre 1995 e 2001, um crescimento de 96%.
Mais de 3 milhões de alunos estavam matriculados no ensino superior até o primeiro semestre do ano passado, sendo que um terço era calouro. O aumento com relação a 2000 foi de 12,5%, de acordo com o Censo do Ensino Superior, divulgado ontem pelo Ministério da Educação.
Mais da metade de todas as matrículas são do turno da noite. Na rede privada, que concentra 69% de todos os alunos, dois terços estudam à noite.
Para o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, a ampliação do ensino superior se deve a dois fatores: a melhoria do fluxo no ensino básico e a flexibilização na expansão de vagas permitida pelas avaliações educacionais.
"Hoje, temos um sistema mais homogêneo em termos de qualidade devido às avaliações", afirmou o ministro.
Porém, até hoje, nenhum curso foi fechado devido a resultados insatisfatórios obtidos no Provão (Exame Nacional de Cursos) e nas avaliações de condições de ensino. Os 12 cursos de letras e matemática que seriam fechados no ano passado conseguiram obter liminares na Justiça para continuar funcionando.
Questionado sobre como conciliar a abundante oferta de cursos pagos com a necessidade de absorção de alunos de baixa renda, o ministro afirmou que caberá a seu sucessor ampliar o financiamento estudantil, que atende hoje cerca de 180 mil alunos, 6% dos matriculados. Ele estima ser necessário auxiliar 500 mil.

Vagas sobrando
O número de vagas oferecidas pelas universidades voltou a exceder o total de alunos que conseguiram passar no vestibular.
No caso das públicas (federais, estaduais e municipais), cerca de 12 mil vagas não foram preenchidas. Já na rede privada, 360 mil vagas sobraram, número superior a todas as matrículas do Rio de Janeiro em 2001.
Os dados refletem a tendência dos anos anteriores e, para o governo, demonstram que a rede privada faz "reserva de mercado", isto é, abre vagas excessivas para atender a demanda futura.

Eficiência
Nas universidades federais, o número de matrículas cresceu apenas 4,2% entre 2000 e 2001. De acordo com o Ministério da Educação, o aumento de vagas foi consequência das políticas salarial e de financiamento deste governo, que incluiu condicionantes ligados à docência.
"O crescimento nas federais se deve a um aumento de eficiência", disse. Nas federais, entre 1995 e 2001, os alunos aumentaram em 37% e os professores, em apenas 1%.
Nesse período, o número de alunos nesse nível de ensino em todo o país aumentou 72%, enquanto o número de docentes cresceu 40%.
O grau de formação também melhorou. Em 1995, 60% dos professores tinham apenas curso de especialização, 24% haviam feito mestrado e 16% tinham doutorado. Em 2001, a porção de professores "especializados" caiu para 46%. Os mestres e doutores passaram a representar 32% e 22% do total, respectivamente.
Na região Norte, o número de matrículas cresceu 23% entre 2000 e 2001, maior índice do país. Apesar disso, a região só concentra 4,7% de todas as matrículas. Mais da metade de todos os alunos universitários estão na região Sudeste, sendo que São Paulo é responsável por 30% do total.
No Nordeste, o número de matrículas chegou a 460 mil no ano passado, 190 mil a mais que em 1995. No Sul, o aumento foi de 82% no período. Já na região Centro-Oeste, o número de matrículas mais que duplicou entre 1995 e 2001, atingindo 260 mil.


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