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São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2003

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BARBARA GANCIA

Tira essa carranca, Parreira!

Devo padecer de algum problema misterioso de audição. Não é que, outra noite, assistindo ao "Jornal da Globo", ouvi com todas as letras dom Aloísio Lorscheider manifestar-se a favor da redução da maioridade? Peraí: depois de anos incentivando miseráveis a procriar, será que a igreja realmente acha que o problema da violência possa ser minimizado com o passe de mágica da redução da idade adulta?
O drama do menor Xampinha, que tem apelido de playboy do clube Harmonia, mas é acusado de comandar a quadrilha que matou os adolescentes do Colégio São Luís, não passa nem sequer pela esfera da educação. Passa pela órbita do saneamento básico. Quem assistiu às entrevistas com os familiares dele na TV pôde constatar que eles mal sabem se expressar em palavras.
De que adianta discutir mudanças na Febem ou a melhoria do ensino quando, na periferia da maior cidade do hemisfério Sul do planeta, inexistem condições básicas para que seres humanos se desenvolvam?
Mas, em vez de falar em planejamento familiar, optamos por soluções inócuas. A esta altura, de que servem retoques nas leis? Veja, por exemplo, o que está ocorrendo com milhares de motoristas que perdem a carteira de habilitação por excesso de multas. Em vez de passar pelas escolas de reeducação no trânsito, eles preferem desembolsar cerca de R$ 900,00 para que um despachante assine a chamada da escolinha em nome do infrator. Traduzindo: o endurecimento nas leis de trânsito serviu mesmo foi para encher ainda mais o bolso de intermediários sanguessugas.
Hoje é sexta-feira e a própria folhinha se encarrega de reclamar alguma leveza na condução dos temas escolhidos para debate. Que tal então falarmos de seleção brasileira? Entre tantos fatos lamentáveis que ocorrem no país, só faltava mesmo o presidente declarar aos jornalistas que não vai mais opinar sobre futebol. É uma pena, pois ficou provado que disso Lula entende.
E o que o nobre leitor me diz da carranca que o Parreira adotou? Que eu me lembre, Carlos Alberto Parreira sempre se destacou por nunca ceder a provocações. Esse número mal-humorado e respondão de agora não combina com o gentleman que ele é.
Bem, vamos ao Michael Jackson, antes que a coluna termine. Por que raios a Justiça pediu uma fiança tão alta pela liberdade do cantor? Será que eles temem que Wacko Jacko fuja do país e tente mudar de identidade fazendo cirurgia plástica?


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