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EDUCAÇÃO
Alunos da rede pública voltam a ter desempenho inferior ao da particular na 6ª edição da prova, feita por 1,3 milhão
Ensino segue desigual no país, revela Enem
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em sua sexta edição, o Enem
(Exame Nacional do Ensino Médio) de 2003 reitera o que o resultado de anos anteriores mostrava.
O desempenho dos estudantes
que concluem essa etapa do ensino é regular, apresentando queda
entre os alunos da rede pública,
com renda familiar menor e pais
com baixa escolaridade.
Em números, isso significa que
a nota média geral dos alunos na
prova objetiva ficou em 49,55 e
em redação, 55,36, numa escala
de zero a cem. O tema da redação
do Enem deste ano foi "A violência na sociedade brasileira: como
mudar as regras desse jogo?".
Enquanto a média da redação
dos alunos que só estudaram em
escola particular ficou em 64,44, a
nota dos que frequentaram apenas a rede pública caiu para 52,77.
Na parte objetiva da prova, com
63 questões de múltipla escolha, a
diferença aumenta -nota média
de 64,21 para os da rede privada e
44,79 para os da pública.
As desigualdades são ainda
maiores quando é feita a comparação entre os resultados separados por renda familiar e escolaridade da mãe do aluno.
Os estudantes com renda familiar de até um salário mínimo tiveram média 37,85 na prova objetiva. A nota sobe para 68,47 entre
os que têm renda acima de 50 salários mínimos. Sempre usando a
escala de zero a cem.
Alunos cujas mães não têm escolaridade ficaram com nota média de 38,8 na prova de múltipla
escolha. Para os de mães com pós-graduação, a nota vai a 65,31.
Os alunos negros tiveram desempenho inferior, nas duas provas, ao dos brancos, amarelos,
mulatos e pardos (veja quadro).
"O Enem demonstra que a educação brasileira, especificamente
o ensino médio, não tem sido capaz de combater as desigualdades
regionais e socioeconômicas", diz
o presidente do Inep (Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais), Luiz Araújo.
Criado com o objetivo de avaliar
o aluno ao final do ensino médio e
os que já concluíram essa etapa, o
Enem foi feito neste ano por 1,3
milhão de 1,9 milhão de inscritos.
A prova não é obrigatória, mas
426 instituições de ensino superior usam o exame como uma forma de seleção dos candidatos.
Do 1,3 milhão de alunos que fizeram a prova, só 54 tiraram cem
na objetiva e 578 atingiram a nota
máxima em redação. Pela primeira vez, dois alunos conseguiram a
nota máxima nas duas provas.
Nas faixas de desempenho,
35,7% estão classificados de insuficiente a regular (nota de 0 a 40)
na parte objetiva da prova e 49,4%
de regular a bom (40 a 70).
A presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Juçara Dutra Vieira, diz que houve uma
preocupação do governo nos últimos anos em ampliar o número
de alunos matriculados sem levar
em conta a qualidade do ensino.
"O que estamos vendo é uma
exclusão dentro do ensino. A
criança entra, mas não aprende."
Segundo o secretário de Educação Média e Tecnológica, Antonio
Ibañez Ruiz, o MEC já adotou medidas para melhorar a qualidade
do ensino (veja texto abaixo).
Os resultados do Enem são analisados a cada ano, isoladamente,
porque a estrutura da prova é modificada. Por isso, diz o Inep, não é
possível comparar os resultados
de um exame para o outro.
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