DA REPORTAGEM LOCAL

Foi a Liga das Senhoras Católicas de São Paulo que abriu, em 1926, o primeiro restaurante só para mulheres no centro de São Paulo. Para a época, não era só uma iniciativa feminista, era uma resposta a uma das necessidades daqueles anos: as mulheres ganhavam espaço no mercado de trabalho, cresciam em número nos escritórios da região central, mas não tinham onde comer. Naquela época, mulher não entrava desacompanhada em restaurante.
"A liga sempre se preocupou em atender às necessidades de cada época", diz sua atual presidente Maria Lucia Whitaker Vidigal. A presidente fala com a bagagem histórica da liga de São Paulo, que comemora 80 anos neste ano.
"Nunca paramos no tempo", diz Maria Vidigal. "Nossa missão, agora, é tirar as crianças das ruas, das drogas e das mãos da criminalidade." A Liga das Senhoras Católicas, instituição que também existe em dezenas de cidades do país, sempre foi associada a senhoras da elite que se reuniam à tarde para conversar, tomar chá e fazer tricô. "Essa imagem nos revoltava, porque nossos desafios e nosso trabalho sempre foram muito maiores", diz.
A instituição, em São Paulo, atende 6.000 pessoas em cinco creches, dois abrigos e uma casa de transição. A sede é o Educandário Dom Duarte, na altura do km 15 da rodovia Raposo Tavares, uma fazenda doada à instituição há 65 anos e que abriga a maior parte das atividades.
No local, funcionam escolas, oficinas profissionalizantes, além de espaços para idosos, crianças e adolescentes.
A liga de São Paulo tem 670 funcionários e 120 voluntários.
A direção da liga diz que a idéia de assistencialismo que marcava a entidade já não existe há anos. O objetivo agora é oferecer condições para que as pessoas atendidas aprendam novos trabalhos.