São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 2005

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Dança no Ipiranga sofre com chuva, mas improvisa

GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Com uma programação ao ar livre que incluía balé, circo e música erudita, o palco montado no parque da Independência -jardins do Museu do Ipiranga- teve sua programação bem afetada pela chuva que caiu a partir da 0h30.
Até então, cerca de 900 pessoas ocupavam os jardins sentadas na grama ou em cadeiras de plástico. Das atrações que ali aconteceram, a coreografia do Balé da Cidade de São Paulo (às 22h) foi a mais elogiada pela platéia. "A apresentação foi emocionante. Foi o que houve de melhor neste palco", disse a funcionária pública Carlota Netto, 53, que permaneceu no parque da Independência das 15h de sábado às 6h20 de domingo.
Responsáveis por não deixar um espaço vazio durante os intervalos, os músicos da TPM (Trupe de Performances Medievais) ocupavam a cena quando a chuva forte começou. Para evitar que o público se dispersasse, o Ballet Stagium adiantou sua entrada e fez o aquecimento de seus bailarinos no próprio palco, ao som dos instrumentos inusitados da trupe, como gaita de fole, tambor medieval e flautas diversas.
O esforço de improvisação agradou à platéia, que também improvisou embaixo das cadeiras ou se abrigando debaixo de árvores. Cerca de 250 pessoas permaneceram para assistir, completamente encharcadas pela chuva, à emocionante apresentação de dança, baseada em temas de Chico Buarque como "Beatriz", "Trocando em Miúdos", entre outros. Nem a chuva nem falhas técnicas no som impediram que a apresentação fosse aplaudida de pé pela umedecida platéia. "Foi maravilhoso, por mim teríamos ficado a noite inteira", disse Marika Gidali, diretora da companhia.
As falhas nos horários das apresentações irritaram alguns dos paulistanos. Previsto para entrar à 0h, o grupo Cisne Negro entrou às 23h30 e se apresentou por apenas 20 minutos, deixando aborrecidos aqueles que vieram ao Ipiranga especialmente para o espetáculo. A Orquestra Bachiana, por outro lado, estava marcada para às 5h, mas só subiu ao palco às 6h20, regida pelo maestro João Carlos Martins já com o dia claro.
"Eu me programei para ficar indo de um lado para o outro, mas nada está batendo", disse a corretora de seguros Glória Ferreira, 41. "Tenho todos os guias de programação e, quando chego, o que quero ver ou foi antes, ou foi cancelado, ou está atrasado."
A chuva, entretanto, favoreceu a ida de paulistanos ao Museu do Ipiranga. Entre a manhã de sábado e às 3h de domingo, mais de 5.000 pessoas atravessaram as catracas, para visitar -muitos pela primeira vez- os corredores e salas do espaço.
"Vim com uma excursão na época do primário, agora aproveitei para voltar e trazer as crianças", disse Edson Falcani, pai de dois filhos. Já Edson Carvalho da Silva, elogiou o horário "inusitado" do funcionamento promovido pela Virada Cultural. "Durante a semana nunca dá tempo de fazer um programa como este. Seria fantástico se todos os dias pudéssemos fazer coisas nesse horário."


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