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Dança no Ipiranga sofre com chuva,
mas improvisa
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Com uma programação ao ar livre que incluía balé, circo e música erudita, o palco montado no
parque da Independência -jardins do Museu do Ipiranga- teve
sua programação bem afetada pela chuva que caiu a partir da 0h30.
Até então, cerca de 900 pessoas
ocupavam os jardins sentadas na
grama ou em cadeiras de plástico.
Das atrações que ali aconteceram,
a coreografia do Balé da Cidade
de São Paulo (às 22h) foi a mais
elogiada pela platéia. "A apresentação foi emocionante. Foi o que
houve de melhor neste palco",
disse a funcionária pública Carlota Netto, 53, que permaneceu no
parque da Independência das 15h
de sábado às 6h20 de domingo.
Responsáveis por não deixar
um espaço vazio durante os intervalos, os músicos da TPM (Trupe
de Performances Medievais) ocupavam a cena quando a chuva forte começou. Para evitar que o público se dispersasse, o Ballet Stagium adiantou sua entrada e fez o
aquecimento de seus bailarinos
no próprio palco, ao som dos instrumentos inusitados da trupe,
como gaita de fole, tambor medieval e flautas diversas.
O esforço de improvisação
agradou à platéia, que também
improvisou embaixo das cadeiras
ou se abrigando debaixo de árvores. Cerca de 250 pessoas permaneceram para assistir, completamente encharcadas pela chuva, à
emocionante apresentação de
dança, baseada em temas de Chico Buarque como "Beatriz", "Trocando em Miúdos", entre outros.
Nem a chuva nem falhas técnicas
no som impediram que a apresentação fosse aplaudida de pé
pela umedecida platéia. "Foi maravilhoso, por mim teríamos ficado a noite inteira", disse Marika
Gidali, diretora da companhia.
As falhas nos horários das apresentações irritaram alguns dos
paulistanos. Previsto para entrar à
0h, o grupo Cisne Negro entrou às
23h30 e se apresentou por apenas
20 minutos, deixando aborrecidos aqueles que vieram ao Ipiranga especialmente para o espetáculo. A Orquestra Bachiana, por outro lado, estava marcada para às
5h, mas só subiu ao palco às 6h20,
regida pelo maestro João Carlos
Martins já com o dia claro.
"Eu me programei para ficar indo de um lado para o outro, mas
nada está batendo", disse a corretora de seguros Glória Ferreira,
41. "Tenho todos os guias de programação e, quando chego, o que
quero ver ou foi antes, ou foi cancelado, ou está atrasado."
A chuva, entretanto, favoreceu a
ida de paulistanos ao Museu do
Ipiranga. Entre a manhã de sábado e às 3h de domingo, mais de
5.000 pessoas atravessaram as catracas, para visitar -muitos pela
primeira vez- os corredores e
salas do espaço.
"Vim com uma excursão na
época do primário, agora aproveitei para voltar e trazer as crianças", disse Edson Falcani, pai de
dois filhos. Já Edson Carvalho da
Silva, elogiou o horário "inusitado" do funcionamento promovido pela Virada Cultural. "Durante
a semana nunca dá tempo de fazer um programa como este. Seria
fantástico se todos os dias pudéssemos fazer coisas nesse horário."
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