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24 HORAS NO AR
Público comparece à maratona pela madrugada adentro, escapa da chuva e aprova a seleção de filmes
Cinéfilos surpreendem na Virada Cultural
DA REPORTAGEM LOCAL
"O público está muito maior do
que a gente esperava" foi a frase
comum aos organizadores da Virada Cultural no MIS (Museu da
Imagem e do Som), na Sala Cinemateca e no Cinesesc.
Verdade que, sem um termo de
comparação em que se fiar, Graça
Seligman, diretora do MIS, "não
esperava nada", afinal, "é a primeira vez que se faz isso em São
Paulo", afirmou.
Para o sucesso da experiência
inédita, no entanto, ela acha explicação numa velha receita: "Sempre que se oferece um bom programa, o público vem".
Um total de 77 pessoas foram
ver a pré-estréia de "Bens Confiscados" (com estréia prevista para
o dia 2 de dezembro), do brasileiro Carlos Reichenbach, à 0h, no
MIS. Antes da chuva, os jardins
do museu também foram atração
para quem aguardava as sessões
posteriores, caso das estudantes
Patrícia Guimarães, 24, e Nelly
Morethson, 21.
"A gente veio do show do Tom
Zé [às 18h]", contou Patrícia. A
idéia das garotas era acompanhar
no Anhangabaú também a apresentação seguinte, de Jorge Mautner [às 20h]. "Mas foi escurecendo e os pivetes do centro começaram a fazer arrastão. Então a gente resolveu sair de lá e fazer outra
coisa", afirmou Patrícia.
Malditos
Na Sala Cinemateca, os 40 espectadores de "Patty, a Mulher
Proibida", do diretor Luiz Gonzaga dos Santos, eram mais do que
esperava o gerente da sala, Luiz
Carlos de Brito. A sessão abriu a
maratona "Malditos Filmes Brasileiros!", à meia-noite.
Antes, houve um programa de
curtas experimentais paulistas.
Na platéia da Sala Cinemateca pela primeira vez estavam os estudantes Paulo Henrique Machado
Cardoso, 17, que também é "dog
sitter", Arthur de Lima Pinheiro,
16, e Alan Coelho de Souza, 17,
"operador de telemarketing e futuro engenheiro eletrônico".
Lima Pinheiro terá de fazer neste ano o seu próprio curta como
trabalho escolar. Não tinha idéia
de por onde começar. Quando viu
na internet a programação da Cinemateca para a Virada Cultural,
disse: "Pô, fechou!".
O estudante gostou não apenas
dos filmes a que assistiu, mas
também da estrutura do lugar,
que pretende usar como cenário
para o seu filmete.
Cinéfilos
No Cinesesc, cinéfilos "de carteirinha", como se define o estudante de arquitetura Marcelo Augusto de Oliveira, 26, cumpriram
maratona de três longas, a partir
da 0h. Houve dois intervalos pontuados por show de blues dos músicos Sérgio Duarte (na gaita) e
Celso Salim (no violão).
Às 6h45, os 90 espectadores restantes deixaram a sala e encontraram um café da manhã preparado
no hall do cinema. "Gostei da organização e da seleção de filmes,
que estava muito apurada. Deveria ser um programa mensal", sugeriu Oliveira.
(SILVANA ARANTES)
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