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Espera por filhos une mães
DA REPORTAGEM LOCAL
Três, quatro horas sentadas à
espera dos filhos que fazem a prova da Unicamp. Elas mesmas se
denominam "mães solidárias",
que a qualquer custo ficam perto
dos filhos para apoiá-los.
O apelido do grupo foi inventado por Teresa Cristina Madeira,
41, cuja filha prestou exame para
medicina. "A nossa relação é de
troca", afirma.
Pela troca valeu a pena ficar sentada a tarde toda sob o sol de domingo na frente da faculdade na
capital paulista em que a filha fazia o exame. "Nem precisava ter
vindo, porque moro há poucas estações de metrô daqui. Mas quero
dar uma força", diz. Ao lado, Sandra Lima, 41, também esperava a
filha. "Acabei ficando aqui para
conversar", conta.
Partindo de São Miguel Paulista, na zona leste, para o bairro da
Aclimação, na região sul, Aidê
Oliveira da Silva, 49, também esperou a filha durante todo o exame. Com ela, estava o filho mais
novo, Huenes Meandro Silva
Araújo, 15. "Se ela for mal, a gente
vem dar um consolo", provoca o
jovem. "Pára com isso", repreende a mãe. "Ela vai se sair bem.
Deus vai estar do lado dela, escrevendo por ela." Depois da prova,
mãe e filhos iam para uma festa.
Quem também pretendia festejar era a candidata Juliana Gagliani, 17. Ela saiu apressada da prova
da Unicamp e perguntou ansiosa
à primeira pessoa que viu na rua:
"Quanto está o jogo do Corinthians?". A resposta, com o resultado de 1 a 1, frustrou a jovem.
Vestindo uma blusa preta com
o distintivo do clube no peito, Juliana disse ter ficado mais tensa
com a partida decisiva contra o
Inter do que com a prova eliminatória de uma das principais universidades do país.
"Estava tudo bem até o início da
partida, às 16h. Aí, comecei a ouvir rojões e a tremer", conta.
"Acho que fui bem nessa primeira
fase. A redação eu fiz rapidinho,
depois que já tinha começado a
partida. Não sei como vai ser o
resto. Ainda tenho de fazer prova
específica, porque quero o curso
de canto lírico", diz.
Sumaré?
A realização da primeira fase do
vestibular -a segunda acontece
em janeiro- ocorreu sem incidentes, segundo a organização,
mas houve pelo menos um caso
pitoresco. Um candidato ligou
para a Comvest ameaçando processar a comissão organizadora
por ter marcado a prova em um
local que não existia.
"O rapaz se inscreveu para fazer
a prova na cidade de Sumaré
achando que estava se inscrevendo para fazê-la no bairro Sumaré
[zona oeste da capital paulista]",
disse Leandro Tessler, coordenador-executivo da Comvest.
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