São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 2005

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Espera por filhos une mães

DA REPORTAGEM LOCAL

Três, quatro horas sentadas à espera dos filhos que fazem a prova da Unicamp. Elas mesmas se denominam "mães solidárias", que a qualquer custo ficam perto dos filhos para apoiá-los.
O apelido do grupo foi inventado por Teresa Cristina Madeira, 41, cuja filha prestou exame para medicina. "A nossa relação é de troca", afirma.
Pela troca valeu a pena ficar sentada a tarde toda sob o sol de domingo na frente da faculdade na capital paulista em que a filha fazia o exame. "Nem precisava ter vindo, porque moro há poucas estações de metrô daqui. Mas quero dar uma força", diz. Ao lado, Sandra Lima, 41, também esperava a filha. "Acabei ficando aqui para conversar", conta.
Partindo de São Miguel Paulista, na zona leste, para o bairro da Aclimação, na região sul, Aidê Oliveira da Silva, 49, também esperou a filha durante todo o exame. Com ela, estava o filho mais novo, Huenes Meandro Silva Araújo, 15. "Se ela for mal, a gente vem dar um consolo", provoca o jovem. "Pára com isso", repreende a mãe. "Ela vai se sair bem. Deus vai estar do lado dela, escrevendo por ela." Depois da prova, mãe e filhos iam para uma festa.
Quem também pretendia festejar era a candidata Juliana Gagliani, 17. Ela saiu apressada da prova da Unicamp e perguntou ansiosa à primeira pessoa que viu na rua: "Quanto está o jogo do Corinthians?". A resposta, com o resultado de 1 a 1, frustrou a jovem.
Vestindo uma blusa preta com o distintivo do clube no peito, Juliana disse ter ficado mais tensa com a partida decisiva contra o Inter do que com a prova eliminatória de uma das principais universidades do país.
"Estava tudo bem até o início da partida, às 16h. Aí, comecei a ouvir rojões e a tremer", conta. "Acho que fui bem nessa primeira fase. A redação eu fiz rapidinho, depois que já tinha começado a partida. Não sei como vai ser o resto. Ainda tenho de fazer prova específica, porque quero o curso de canto lírico", diz.

Sumaré?
A realização da primeira fase do vestibular -a segunda acontece em janeiro- ocorreu sem incidentes, segundo a organização, mas houve pelo menos um caso pitoresco. Um candidato ligou para a Comvest ameaçando processar a comissão organizadora por ter marcado a prova em um local que não existia.
"O rapaz se inscreveu para fazer a prova na cidade de Sumaré achando que estava se inscrevendo para fazê-la no bairro Sumaré [zona oeste da capital paulista]", disse Leandro Tessler, coordenador-executivo da Comvest.


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