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TRÂNSITO
Após estreitamento de faixas, melhorou fluidez, afirma companhia; motoristas e motoboys atacam mudança
Cai acidente na 23 de Maio "espremida", diz CET; usuário reclama
DO "AGORA"
O motoboy André Luiz da Silva,
28 anos, perdeu a conta do número de fechadas de que foi vítima
ao trafegar pelo corredor das avenidas 23 de Maio, Rubem Berta,
Moreira Guimarães e Washington Luis, na zona sul paulistana,
desde meados de outubro. "O dia-a-dia ficou mais perigoso."
Já o taxista Neivaldo Roja, 42,
gastou R$ 258 para comprar um
novo retrovisor elétrico para seu
Santana, depois que um motoboy
o arrancou durante uma manobra. "Nos últimos tempos, não
cheguei a perdê-lo, mas tive que
pintá-los, e mesmo assim já estão
raspados de novo." Segundo ele,
nas últimas semanas, a 23 de Maio
virou um dos locais mais perigosos para os motociclistas.
A mudança de que motoboy e
taxista reclamam ocorreu em outubro, quando a prefeitura da capital estreitou as faixas de tráfego
em trechos dessas avenidas, que
formam um corredor expresso,
para criar uma faixa adicional e
melhorar a fluidez de veículos.
Atacada pelos usuários, a decisão rendeu resultados positivos,
segundo a CET: carros menos velozes e redução do congestionamento e do número de acidentes.
"Antes, a média de veículos
[que passavam pela avenida] por
hora era de 7.000, e já chegou a
8.400. Nossas avaliações também
já indicam queda da lentidão, especialmente nos horários de pico,
e redução dos acidentes com motos", diz Sebastião Muniz, gerente
de engenharia de tráfego da CET.
Segundo ele, antes da mudança,
os acidentes com moto representavam 35% do total. Hoje são menos de 20%. Para ele, isso ocorre
porque a velocidade dos veículos
caiu. "Antes se corria mais. Agora, com carros e motos mais devagar, é mais difícil haver acidente."
Ele admite que o estreitamento
causa "desconforto" aos motoristas. "Mas assim eles correm menos, o que é mais adequado", diz.
Muniz afirma também que a redução dos acidentes provoca melhoria do trânsito. "Em dez minutos, um acidente com moto causa
1.500 m de congestionamento",
afirma. "Portanto, menos acidentes resultam em via mais livre."
Quinta faixa
A primeira via a ter a mudança
foi a 23 de Maio, entre os viadutos
Euclides Figueiredo e Pedroso, no
sentido bairro-centro. Havia quatro faixas de 3,5 m, que viraram
cinco -quatro com 2,65 m e a da
direita, por onde circulam os ônibus, de 3,20 m. Depois um trecho
da av. Washington Luis -do viaduto João Julião da Costa Aguiar,
na altura da av. dos Bandeirantes,
até a entrada do aeroporto, no
sentido bairro- também foi alterado: as quatro faixas de cerca de
3,25 m viraram cinco, com larguras que variam de 2,50 m a 2,70 m.
Motoristas reclamam. "Os motociclistas seguem circulando entre os carros e agora passaram a
chutar a lataria dos carros que os
"espremem". Outro dia uma mulher de moto chutou a lateral do
meu carro", diz Natalício Bezerra,
presidente do sindicato dos taxistas da capital. Segundo ele, os carros diminuíram a velocidade por
medo de colisões laterais. "Quem
corria a 80 km/h agora trafega a 60
km/h."
(FÁBIO GRELLET)
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