São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2008

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Júri condena jovens por morte em Guarulhos

Rapazes acusados de agressão sexual e morte de Vanessa Freitas tinham sido soltos após suposto maníaco confessar o crime

Ex-namorado e um amigo foram condenados por homicídio, a 24 anos; 3º réu foi condenado a 9 anos por atentado violento ao pudor

BRUNA SANIELE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de três dias de julgamento, foram condenados ontem à noite pelo assassinato de Vanessa Batista de Freitas, 22, ocorrido em agosto de 2006, em Guarulhos (Grande São Paulo), o ex-namorado da vítima Renato Correia de Brito, 24, e seu amigo Wagner Conceição da Silva, 25. A condenação, que inclui atentado violento ao pudor, foi de 24 anos, 4 meses e 15 dias de prisão.
O terceiro réu no processo, William César de Brito, 24, primo de Renato, foi condenado por atentado violento pudor a uma pena de 9 anos, 4 meses e 15 dias.
Em setembro passado, os três foram soltos depois que Leandro Basílio Rodrigues, 19, chamado pela polícia de o "maníaco de Guarulhos", foi preso e afirmou ter matado Vanessa -hoje, ele nega o crime e diz ter sido torturado por policiais civis para confessá-lo.
Os três jovens saíram ontem do Tribunal do Júri de Guarulhos presos e foram direto para o 1º Distrito Policial da cidade. Serão transferidos para uma penitenciária -provavelmente a de Taubaté (130 km de SP).
Também foram condenados pelo juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano -o mesmo que os manteve na prisão por dois anos- a pagar uma indenização de um salário mínimo mensal aos dois filhos de Vanessa, até completem 25 anos.
Os advogados de defesa dos jovens afirmaram ontem que vão recorrer da decisão e existe a chance de que Renato, Wagner e William sejam submetidos a novo júri.
Sem revelar exatamente como os sete jurados votaram em cada um dos quesitos em que decidiram pela condenação, o juiz disse que a decisão foi "equilibrada" e "que a maioria dos quesitos" teve quatro votos a três. "Com a medida [de mandá-los direto do júri para a prisão], evita-se que os delinqüentes pratiquem novos crimes, quer porque se mostraram propensos à prática delituosa, quer porque, em liberdade, encontrarão os mesmos estímulos relacionados com as infrações cometidas", escreveu o juiz na sentença.
Enquanto o magistrado lia a sentença, a mãe de Wagner, Iraildes Alves da Conceição, 49, teve uma crise nervosa. Ela gritava "não acreditar na Justiça".
Também com lágrimas no olhos, Avelino Cardoso da Silva, 50, pai de William, disse que "os três foram condenados por um complô que tentava reparar um erro do Judiciário".
Renato, Wagner e William ficaram presos de agosto de 2006 até a suposta confissão do "maníaco de Guarulhos", em setembro passado. Os três sempre alegaram terem sido torturados por policiais militares e civis para confessar os crimes cometidos contra Vanessa.
Ao ser questionado se poderia explicitar as provas existentes contra cada um dos três condenados, o juiz Cano disse que não poderia fazê-lo porque, num eventual novo júri, ele seria considerado suspeito.
O magistrado também afirmou que o governador José Serra (PSDB) e o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, "foram precipitados" ao dizer, em setembro, que os três receberiam indenização do Estado caso ficassem comprovadas as sevícias cometidas por policiais contra eles.


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