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Júri condena jovens por morte em Guarulhos
Rapazes acusados de agressão sexual e morte de Vanessa Freitas tinham sido soltos após suposto maníaco confessar o crime
Ex-namorado e um amigo foram condenados por homicídio, a 24 anos; 3º réu foi condenado a 9 anos por atentado violento ao pudor
BRUNA SANIELE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de três dias de julgamento, foram condenados ontem à noite pelo assassinato de
Vanessa Batista de Freitas, 22,
ocorrido em agosto de 2006,
em Guarulhos (Grande São
Paulo), o ex-namorado da vítima Renato Correia de Brito, 24,
e seu amigo Wagner Conceição
da Silva, 25. A condenação, que
inclui atentado violento ao pudor, foi de 24 anos, 4 meses e 15
dias de prisão.
O terceiro réu no processo,
William César de Brito, 24, primo de Renato, foi condenado
por atentado violento pudor a
uma pena de 9 anos, 4 meses e
15 dias.
Em setembro passado, os
três foram soltos depois que
Leandro Basílio Rodrigues, 19,
chamado pela polícia de o "maníaco de Guarulhos", foi preso e
afirmou ter matado Vanessa
-hoje, ele nega o crime e diz ter
sido torturado por policiais civis para confessá-lo.
Os três jovens saíram ontem
do Tribunal do Júri de Guarulhos presos e foram direto para
o 1º Distrito Policial da cidade.
Serão transferidos para uma
penitenciária -provavelmente
a de Taubaté (130 km de SP).
Também foram condenados
pelo juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano -o mesmo que os
manteve na prisão por dois
anos- a pagar uma indenização de um salário mínimo mensal aos dois filhos de Vanessa,
até completem 25 anos.
Os advogados de defesa dos
jovens afirmaram ontem que
vão recorrer da decisão e existe
a chance de que Renato, Wagner e William sejam submetidos a novo júri.
Sem revelar exatamente como os sete jurados votaram em
cada um dos quesitos em que
decidiram pela condenação, o
juiz disse que a decisão foi
"equilibrada" e "que a maioria
dos quesitos" teve quatro votos
a três. "Com a medida [de mandá-los direto do júri para a prisão], evita-se que os delinqüentes pratiquem novos crimes,
quer porque se mostraram propensos à prática delituosa, quer
porque, em liberdade, encontrarão os mesmos estímulos relacionados com as infrações cometidas", escreveu o juiz na
sentença.
Enquanto o magistrado lia a
sentença, a mãe de Wagner,
Iraildes Alves da Conceição, 49,
teve uma crise nervosa. Ela gritava "não acreditar na Justiça".
Também com lágrimas no
olhos, Avelino Cardoso da Silva, 50, pai de William, disse que
"os três foram condenados por
um complô que tentava reparar
um erro do Judiciário".
Renato, Wagner e William ficaram presos de agosto de
2006 até a suposta confissão do
"maníaco de Guarulhos", em
setembro passado. Os três sempre alegaram terem sido torturados por policiais militares e
civis para confessar os crimes
cometidos contra Vanessa.
Ao ser questionado se poderia explicitar as provas existentes contra cada um dos três
condenados, o juiz Cano disse
que não poderia fazê-lo porque,
num eventual novo júri, ele seria considerado suspeito.
O magistrado também afirmou que o governador José
Serra (PSDB) e o secretário da
Segurança Pública, Ronaldo
Marzagão, "foram precipitados" ao dizer, em setembro, que
os três receberiam indenização
do Estado caso ficassem comprovadas as sevícias cometidas
por policiais contra eles.
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