|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Furto no Masp revela "imperfeições" na gestão, diz Sayad
Para ele, segurança do museu deveria ser revista; Serra fala em empenho da Polícia Civil para investigar furto de obras
Já o secretário municipal da Cultura, Carlos Augusto Calil, ação no Masp revela fragilidade das instituições culturais ao preservar acervos
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário estadual de Cultura, João Sayad, disse ontem
que o roubo das telas evidencia
"imperfeições" na administração do Masp (Museu de Arte de
São Paulo). Frisando que o museu é uma instituição privada,
Sayad disse que a situação é
preocupante.
"Estamos muito chateados e
preocupados. Esse roubo complica a situação da administração do museu, já que vive uma
crise financeira bastante grave", afirmou.
De acordo com ele, a segurança do museu "deveria ser revista, não está em ordem".
"A segurança do museu deveria ser preocupação número
um. Aquele é um acervo preciosíssimo. Já estávamos preocupados com a situação financeira e agora estamos preocupados com a segurança", declarou
o secretário da Cultura.
Procurada pela reportagem,
a direção do Masp não quis se
manifestar sobre as declarações de Sayad.
O secretário conta que o governo do Estado tentou, sem
sucesso, uma negociação pela
qual ajudaria no pagamento
das dívidas da instituição, desde que pudesse participar da
escolha da direção do museu. A
eleição, disse, deveria ser feita
por um "conjunto mais amplo"
de pessoas. A idéia, entretanto,
não vingou.
Parece filme
Ao saber que os ladrões teriam entrado pela porta da
frente do museu, o governador
de São Paulo, José Serra
(PSDB), comentou:
"Parece filme, né?"
Lembrando que a investigação do roubo de acervo da Biblioteca Municipal Mário de
Andrade, que ocorreu no ano
passado, havia sido bem sucedida, Serra prometeu empenho
da Polícia Civil.
"Vou conversar com o secretário [de Segurança, Ronaldo
Marzagão] e com o delegado-geral [Maurício José Lemos
Freire] para que façam todo esforço para descobrir isso. Espero que as obras tenham seguro.
Vou botar a polícia para trabalhar muito firmemente. Nossa
Polícia Civil é competente para
investigar e espero que tenha
boa sorte neste caso", disse ele,
apostando nas chances de recuperação das obras. "Acho que
sim. Não é uma obra fácil de
guardar."
Fragilidade
Para o secretário municipal
da Cultura, Carlos Augusto Calil, o furto no Masp revela a
"fragilidade das instituições
culturais em preservar seus
acervos". "Só mostra como estamos frágeis, todas as instituições, das maiores às menores,
mais ocultas às mais visadas."
Calil disse que, se instada a
fazê-lo, a prefeitura ajudará.
"Mas o Masp é uma instituição
privada. O acervo é privado. No
caso da dissolução do Masp, ele
passaria para a Pinacoteca do
Estado", afirmou.
O secretário disse achar, até
então, que o Masp tinha uma
"proteção natural" contra roubos justamente por causa da
notoriedade do acervo.
"Não que o Masp que tivesse
melhores condições que as outras instituições, Biblioteca Nacional, Museu Histórico Nacional, que também foram roubados, ou mesmo a Biblioteca Mario de Andrade", disse.
"É mais fácil roubar um Rugendas da Biblioteca Mario de
Andrade, que alguém pode
comprar inadvertidamente, do
que comprar um Candido Portinari. Quem não conhece "O
Lavrador de Café"? Mas o mercado de arte tem lá suas regras,
que eu não conheço."
Texto Anterior: "São pé-de-chinelo", diz ex-diretor da Biblioteca Nacional Próximo Texto: Frase Índice
|