São Paulo, sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

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Furto no Masp revela "imperfeições" na gestão, diz Sayad

Para ele, segurança do museu deveria ser revista; Serra fala em empenho da Polícia Civil para investigar furto de obras

Já o secretário municipal da Cultura, Carlos Augusto Calil, ação no Masp revela fragilidade das instituições culturais ao preservar acervos

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário estadual de Cultura, João Sayad, disse ontem que o roubo das telas evidencia "imperfeições" na administração do Masp (Museu de Arte de São Paulo). Frisando que o museu é uma instituição privada, Sayad disse que a situação é preocupante.
"Estamos muito chateados e preocupados. Esse roubo complica a situação da administração do museu, já que vive uma crise financeira bastante grave", afirmou.
De acordo com ele, a segurança do museu "deveria ser revista, não está em ordem".
"A segurança do museu deveria ser preocupação número um. Aquele é um acervo preciosíssimo. Já estávamos preocupados com a situação financeira e agora estamos preocupados com a segurança", declarou o secretário da Cultura.
Procurada pela reportagem, a direção do Masp não quis se manifestar sobre as declarações de Sayad.
O secretário conta que o governo do Estado tentou, sem sucesso, uma negociação pela qual ajudaria no pagamento das dívidas da instituição, desde que pudesse participar da escolha da direção do museu. A eleição, disse, deveria ser feita por um "conjunto mais amplo" de pessoas. A idéia, entretanto, não vingou.

Parece filme
Ao saber que os ladrões teriam entrado pela porta da frente do museu, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), comentou:
"Parece filme, né?"
Lembrando que a investigação do roubo de acervo da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, que ocorreu no ano passado, havia sido bem sucedida, Serra prometeu empenho da Polícia Civil.
"Vou conversar com o secretário [de Segurança, Ronaldo Marzagão] e com o delegado-geral [Maurício José Lemos Freire] para que façam todo esforço para descobrir isso. Espero que as obras tenham seguro. Vou botar a polícia para trabalhar muito firmemente. Nossa Polícia Civil é competente para investigar e espero que tenha boa sorte neste caso", disse ele, apostando nas chances de recuperação das obras. "Acho que sim. Não é uma obra fácil de guardar."

Fragilidade
Para o secretário municipal da Cultura, Carlos Augusto Calil, o furto no Masp revela a "fragilidade das instituições culturais em preservar seus acervos". "Só mostra como estamos frágeis, todas as instituições, das maiores às menores, mais ocultas às mais visadas."
Calil disse que, se instada a fazê-lo, a prefeitura ajudará. "Mas o Masp é uma instituição privada. O acervo é privado. No caso da dissolução do Masp, ele passaria para a Pinacoteca do Estado", afirmou.
O secretário disse achar, até então, que o Masp tinha uma "proteção natural" contra roubos justamente por causa da notoriedade do acervo.
"Não que o Masp que tivesse melhores condições que as outras instituições, Biblioteca Nacional, Museu Histórico Nacional, que também foram roubados, ou mesmo a Biblioteca Mario de Andrade", disse.
"É mais fácil roubar um Rugendas da Biblioteca Mario de Andrade, que alguém pode comprar inadvertidamente, do que comprar um Candido Portinari. Quem não conhece "O Lavrador de Café"? Mas o mercado de arte tem lá suas regras, que eu não conheço."


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