São Paulo, Sábado, 22 de Janeiro de 2000 |
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MEIO AMBIENTE Petrobras ficou mais de quatro horas sem saber que havia um problema no duto que rompeu Vazamento na baía de Guanabara é duas vezes e meia maior do que o divulgado
ISABEL CLEMENTE da Sucursal do Rio A baía de Guanabara recebeu duas vezes e meia a quantidade deóleo inicialmente admitida pela Petrobras. Vazaram 1.292 toneladas, e não 500. A informação foi divulgada ontem pelo presidente da Petrobras, Philippe Reichstul, e pela comissão da estatal que investiga o acidente da última terça-feira. Outro dado corrigido ontem diz respeito ao tempo que durou o vazamento. A Petrobras ficou mais de quatro horas sem saber que havia um problema em uma das suas linhas de conexão com o terminal da Ilha D"Água, e não meia hora. "É uma má notícia. E esse número é definitivo", afirmou Reichstul. Ele disse que os cálculos sobre a quantidade de óleo jogado na baía foram refeitos, inclusive com base em outra constatação: não havia apenas uma película de óleo no canal da Reduc (Refinaria Duque de Caxias), como acreditava a empresa. "O canal estava cheio de óleo." A falha do duto foi detectada às 5h por um operador. Segundo o chefe da comissão que investiga o vazamento, Laércio Rodrigues Horta, o duto deve ter rompido pouco depois de 0h50, quando o bombeamento de óleo foi iniciado. O transporte de óleo para a Ilha D'Água foi suspenso às 5h25. Os operadores fizeram uma checagem do volume de óleo nas duas pontas do sistema às 3h, com ajuda de um software da própria Petrobras. O programa, segundo Horta, teria falhado e "ludibriou o operador". O computador teria informado que a transferência de óleo estava correndo conforme o previsto. Às 5h, o operador desconfiou das informações, "com base na sua experiência", refez os cálculos e, só então, o bombeamento foi interrompido. Mesmo depois do desligamento, vazaram 40 toneladas de óleo. Segundo o técnico, ainda está em testes um sistema de monitoramento instantâneo mais moderno. Se estivesse operando, tal sistema acionaria alarmes. O governador do Rio, Anthony Garotinho, recebeu o representante do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), no Rio, Jorge Elena. O banco se colocou à disposição para trazer dois especialistas em poluição por óleo, entre eles um que participou da despoluição do Alasca quando houve o acidente com o petroleiro Exxon Valdez. A Procuradoria Geral do Município conseguiu uma liminar que obriga a Petrobras a tomar medidas para evitar que a mancha de óleo se espalhe além da baía. A multa é de R$ 500 mil por dia. Próximo Texto: Justiça quer que dano coletivo seja reparado Índice |
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