São Paulo, Sábado, 22 de Janeiro de 2000


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Testemunhas falam e evitam Meira

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Seis testemunhas de acusação depuseram ontem em audiência no processo contra o estudante de medicina Mateus da Costa Meira, 24, que em 3 de novembro de 99 invadiu a sala cinco de cinema do MorumbiShopping com uma metralhadora e matou três pessoas. Entre os ouvidos, cinco pediram para depor longe do réu.
Apenas o engenheiro químico Antônio José de Carvalho Amaral, que até hoje tem dois estilhaços de bala no corpo (na perna esquerda e em um dos testículos), deu seu depoimento com Meira em plenário e permaneceu na sala quase todo o tempo.
As demais testemunhas -três delas vítimas do atirador e que estavam na platéia do shopping e dois taxistas que transportaram Meira do hotel onde se hospedou antes do crime até o shopping- preferiram que Meira e o co-réu, Marcos Paulo de Almeida dos Santos, 24, acusado de vender a arma usada no crime, ficassem em outra sala enquanto davam seus depoimentos.
Assim como a agrônoma Andréia Lang e o editor Carlos Eduardo Porto de Oliveira, também feridos, e o representante comercial Marcelo de Godoy Mandel, namorado da vítima fatal Hermé Luís Jatobá, Amaral foi categórico ao afirmar que Meira atirou em direção à platéia, mirando as poltronas, e que não fez nenhum disparo para o alto ou em direção à tela, onde era exibido o filme "Clube da Luta".
O juiz José Ruy Borges Pereira, além de pedir às testemunhas que contassem detalhes do crime, questionou-as sobre a segurança e o atendimento dado pelo shopping aos feridos.
Andréia, ex-namorada do economista Júlio Zeimatis, morto no ataque, e que foi ferida nas nádegas, disse que teve que mostrar o corpo para convencer os seguranças do shopping de que estava ferida. "Tive que abaixar as calças para que eles acreditassem."
Porto, namorado da vítima fatal Fabiana Lobão de Freitas, disse que não havia médicos nem ambulância no shopping e que foi levado em um camburão da polícia para o pronto-socorro.
As quatro testemunhas que estavam no cinema disseram que tiveram que arcar com despesas médicas e que o shopping não deu qualquer assistência.
A assessoria do shopping, procurada pela Folha, disse que não comentaria o teor dos depoimentos porque não teve acesso à eles.
O juiz Pereira, do 1º Tribunal do Júri, disse que fez as questões visando esclarecer se foi fácil para Meira entrar no cinema. "Eventuais ações cíveis dependerão das partes interessadas." O advogado Eduardo Carnelós reafirmou que pedirá a anulação do laudo de sanidade mental do estudante.



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