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Testemunhas falam e evitam Meira
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
Seis testemunhas de acusação
depuseram ontem em audiência
no processo contra o estudante de
medicina Mateus da Costa Meira,
24, que em 3 de novembro de 99
invadiu a sala cinco de cinema do
MorumbiShopping com uma
metralhadora e matou três pessoas. Entre os ouvidos, cinco pediram para depor longe do réu.
Apenas o engenheiro químico
Antônio José de Carvalho Amaral, que até hoje tem dois estilhaços de bala no corpo (na perna esquerda e em um dos testículos),
deu seu depoimento com Meira
em plenário e permaneceu na sala
quase todo o tempo.
As demais testemunhas -três
delas vítimas do atirador e que estavam na platéia do shopping e
dois taxistas que transportaram
Meira do hotel onde se hospedou
antes do crime até o shopping-
preferiram que Meira e o co-réu,
Marcos Paulo de Almeida dos
Santos, 24, acusado de vender a
arma usada no crime, ficassem
em outra sala enquanto davam
seus depoimentos.
Assim como a agrônoma Andréia Lang e o editor Carlos
Eduardo Porto de Oliveira, também feridos, e o representante comercial Marcelo de Godoy Mandel, namorado da vítima fatal
Hermé Luís Jatobá, Amaral foi categórico ao afirmar que Meira atirou em direção à platéia, mirando
as poltronas, e que não fez nenhum disparo para o alto ou em
direção à tela, onde era exibido o
filme "Clube da Luta".
O juiz José Ruy Borges Pereira,
além de pedir às testemunhas que
contassem detalhes do crime,
questionou-as sobre a segurança
e o atendimento dado pelo shopping aos feridos.
Andréia, ex-namorada do economista Júlio Zeimatis, morto no
ataque, e que foi ferida nas nádegas, disse que teve que mostrar o
corpo para convencer os seguranças do shopping de que estava ferida. "Tive que abaixar as calças
para que eles acreditassem."
Porto, namorado da vítima fatal
Fabiana Lobão de Freitas, disse
que não havia médicos nem ambulância no shopping e que foi levado em um camburão da polícia
para o pronto-socorro.
As quatro testemunhas que estavam no cinema disseram que tiveram que arcar com despesas
médicas e que o shopping não
deu qualquer assistência.
A assessoria do shopping, procurada pela Folha, disse que não
comentaria o teor dos depoimentos porque não teve acesso à eles.
O juiz Pereira, do 1º Tribunal do
Júri, disse que fez as questões visando esclarecer se foi fácil para
Meira entrar no cinema. "Eventuais ações cíveis dependerão das
partes interessadas." O advogado
Eduardo Carnelós reafirmou que
pedirá a anulação do laudo de sanidade mental do estudante.
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