|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSPORTES
Gás não-poluente é usado como combustível pela Nasa; no total, projeto vai custar R$ 42 milhões
São Paulo testará ônibus a hidrogênio
GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local
O Brasil foi escolhido pela ONU
(Organização das Nações Unidas)
para desenvolver e testar a partir
deste ano um projeto de ônibus
urbanos movidos com um novo
tipo de combustível não-poluente: o gás hidrogênio.
É o mesmo combustível usado
por algumas naves do programa
espacial da Nasa (Administração
Nacional de Aeronáutica e Espaço dos EUA), como a Apolo.
No Brasil, o projeto será desenvolvido pela EMTU (Empresa
Metropolitana de Transportes
Urbanos), de São Paulo, por meio
de um convênio fechado pelo Ministério das Minas e Energia.
A empresa, ligada ao governo
estadual, vai testar oito ônibus
que vão rodar com hidrogênio.
O projeto total, que inclui também a construção de uma usina
de hidrogênio em São Bernardo
do Campo (Grande São Paulo),
vai custar R$ 42,5 milhões (US$
24 milhões).
Desse total, o GEF (Global Environment Facility), órgão da ONU,
já aprovou a liberação de R$ 24,8
milhões (US$ 14 milhões).
O restante será coberto com
verba de órgãos federais que financiam projetos científicos e pela própria empresa que vai produzir os veículos e será escolhida por
meio de uma licitação internacional até o final deste ano.
O Brasil será o terceiro país do
mundo a testar a nova tecnologia
e o primeiro da América Latina.
Canadá e Estados Unidos também iniciaram pesquisas com o
gás hidrogênio em ônibus.
A Secretaria de Estado dos
Transportes Metropolitanos de
São Paulo informou que os três
primeiros ônibus a hidrogênio
começarão a circular a partir do
início de 2001. Os demais começam a rodar em 2002.
Os veículos serão testados no
corredor de trólebus ABD, que
começa no Jabaquara (zona sudoeste de São Paulo), corta a região do ABC e chega até São Mateus (zona sudeste).
"O Brasil vai testar uma tecnologia de ponta e depois fornecer
dados para desenvolver uma nova matriz energética e não poluidora para o resto do mundo", disse o secretário dos Transportes
Metropolitanos de São Paulo,
Claudio de Senna Frederico.
"O objetivo é tornar o ônibus,
que tem índice zero de poluição
ambiental, economicamente viável até 2007."
Segundo o Ministério das Minas e Energia, a fabricação de um
protótipo de ônibus movido a hidrogênio custa hoje cerca de R$
3,54 milhões (US$ 2 milhões). O
valor é dez vezes superior ao valor
de um trólebus R$ 354 mil (US$
200 mil), que funciona com eletricidade e também é não-poluente.
Um ônibus a diesel convencional custa R$ 85.522, 41 vezes menos que o veículos a hidrogênio.
A expectativa do Ministério das
Minas e Energia é conseguir baixar o custo do ônibus a hidrogênio para menos de R$ 531 mil
(US$ 300 mil) até o final do projeto, em 2003.
"Depois de conseguir reduzir o
custo do veículo e conseguir produzir um combustível mais barato que o diesel, a principal vantagem é que o ônibus a hidrogênio
dispensa gastos na construção de
redes elétricas", disse o secretário.
Outra vantagem: o veículo pode
rodar até 400 quilômetros por dia
sem precisar ser reabastecido. E
também não apresenta os problemas de um trólebus, como queda
de alavancas ligadas à rede elétrica ou a falta de energia.
O coordenador do Departamento de Eficiência Energética do
Ministério das Minas e Energia,
Cláudio Júdice, também afirmou
que o rendimento do motor a hidrogênio pode chegar a até 80%
de sua capacidade, contra no máximo 40% de um motor a diesel.
Texto Anterior: Testemunhas falam e evitam Meira Próximo Texto: Lei que prevê ônibus a gás é ignorada Índice
|