São Paulo, Sábado, 22 de Janeiro de 2000


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TRANSPORTES
Gás não-poluente é usado como combustível pela Nasa; no total, projeto vai custar R$ 42 milhões
São Paulo testará ônibus a hidrogênio

GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

O Brasil foi escolhido pela ONU (Organização das Nações Unidas) para desenvolver e testar a partir deste ano um projeto de ônibus urbanos movidos com um novo tipo de combustível não-poluente: o gás hidrogênio.
É o mesmo combustível usado por algumas naves do programa espacial da Nasa (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos EUA), como a Apolo.
No Brasil, o projeto será desenvolvido pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), de São Paulo, por meio de um convênio fechado pelo Ministério das Minas e Energia.
A empresa, ligada ao governo estadual, vai testar oito ônibus que vão rodar com hidrogênio.
O projeto total, que inclui também a construção de uma usina de hidrogênio em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), vai custar R$ 42,5 milhões (US$ 24 milhões).
Desse total, o GEF (Global Environment Facility), órgão da ONU, já aprovou a liberação de R$ 24,8 milhões (US$ 14 milhões).
O restante será coberto com verba de órgãos federais que financiam projetos científicos e pela própria empresa que vai produzir os veículos e será escolhida por meio de uma licitação internacional até o final deste ano.
O Brasil será o terceiro país do mundo a testar a nova tecnologia e o primeiro da América Latina. Canadá e Estados Unidos também iniciaram pesquisas com o gás hidrogênio em ônibus.
A Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos de São Paulo informou que os três primeiros ônibus a hidrogênio começarão a circular a partir do início de 2001. Os demais começam a rodar em 2002.
Os veículos serão testados no corredor de trólebus ABD, que começa no Jabaquara (zona sudoeste de São Paulo), corta a região do ABC e chega até São Mateus (zona sudeste).
"O Brasil vai testar uma tecnologia de ponta e depois fornecer dados para desenvolver uma nova matriz energética e não poluidora para o resto do mundo", disse o secretário dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, Claudio de Senna Frederico.
"O objetivo é tornar o ônibus, que tem índice zero de poluição ambiental, economicamente viável até 2007."
Segundo o Ministério das Minas e Energia, a fabricação de um protótipo de ônibus movido a hidrogênio custa hoje cerca de R$ 3,54 milhões (US$ 2 milhões). O valor é dez vezes superior ao valor de um trólebus R$ 354 mil (US$ 200 mil), que funciona com eletricidade e também é não-poluente.
Um ônibus a diesel convencional custa R$ 85.522, 41 vezes menos que o veículos a hidrogênio.
A expectativa do Ministério das Minas e Energia é conseguir baixar o custo do ônibus a hidrogênio para menos de R$ 531 mil (US$ 300 mil) até o final do projeto, em 2003.
"Depois de conseguir reduzir o custo do veículo e conseguir produzir um combustível mais barato que o diesel, a principal vantagem é que o ônibus a hidrogênio dispensa gastos na construção de redes elétricas", disse o secretário.
Outra vantagem: o veículo pode rodar até 400 quilômetros por dia sem precisar ser reabastecido. E também não apresenta os problemas de um trólebus, como queda de alavancas ligadas à rede elétrica ou a falta de energia.
O coordenador do Departamento de Eficiência Energética do Ministério das Minas e Energia, Cláudio Júdice, também afirmou que o rendimento do motor a hidrogênio pode chegar a até 80% de sua capacidade, contra no máximo 40% de um motor a diesel.


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