|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Embalagens deverão informar a pena em caso de venda para menores; multa para quem desobedecer pode chegar a R$ 2 mi
Publicidade de cigarro tem nova restrição
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As embalagens de cigarro e derivados de tabaco comercializadas
no Brasil deverão trazer, a partir
de agora, a mensagem: "Venda
proibida a menores de 18 anos
[...". Pena: detenção de seis meses
a dois anos e multa".
Antes, a legislação apenas determinava que o produto trouxesse a
informação de que era destinado
"somente para adultos" ou "para
maiores de 18 anos".
Também será incluída na embalagem a informação de que o cigarro contém "mais de 4.700
substâncias tóxicas, inclusive a nicotina, que causa dependência física e psíquica".
Essas determinações estão na
resolução 14 da Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária),
publicada no "Diário Oficial" da
União de anteontem. A medida já
está valendo, mas as empresas
têm 12 meses para se adaptar. Depois desse período, os fabricantes
que não cumprirem a regra podem ser multados.
A multa pode variar de R$ 10
mil a R$ 2 milhões, dependendo
do tamanho da empresa.
"Percebemos que as frases que
estavam sendo usadas nas embalagens não davam resultado. Dizer que a venda é proibida a menores até estimulava o jovem a fumar", disse o gerente de produtos
derivados de tabaco da Anvisa,
Moyses Diskin.
Os grupos antitabagistas criticam mensagens com a conotação
única de que o cigarro é só para
adultos, uma vez que isso pode
aumentar o "apelo" do produto
para o jovem.
Segundo Diskin, a divulgação
do número de substâncias tóxicas
no cigarro serve para reforçar que
não existem níveis seguros de
consumo. "Independentemente
de fumar um cigarro com pouca
ou muita nicotina, o efeito é o
mesmo", afirmou Diskin.
Em uma outra resolução, a 15,
também publicada anteontem, a
Anvisa deixa claro que a publicidade de derivados de tabaco só
pode ser feita na parte interna do
local de venda e em uma área delimitada e destinada a esse tipo de
produto.
Uma padaria, por exemplo, que
colocava cartazes de cigarro em
qualquer ponto interno do estabelecimento agora só poderá deixar a propaganda no local onde
está o produto.
A lei 10.167, de 2000, proíbe a
propaganda de cigarro em qualquer forma de divulgação, inclusive internet, e a distribuição de
amostra. A única exceção para
propaganda são os pontos-de-venda, onde pode haver cartazes.
De acordo com Diskin, alguns
estabelecimentos comerciais, como supermercados, começaram a
fazer propaganda de cigarro ao lado de chocolates, por exemplo.
"Era uma maneira de vincular o
prazer do chocolate na infância ao
do cigarro posteriormente. Agora
fica delimitado o local."
Além disso, a resolução 15 deixa
claro que cigarros não podem ser
vendidos pela internet. Por não
estar explícito na legislação, algumas empresas usavam a rede para
vender o produto. As empresas
têm 60 dias para se adequarem à
resolução.
A Anvisa estima que no Brasil
existam 27 milhões de adultos fumantes. A média de mortes relacionadas ao cigarro é de 200 mil
por ano -no mundo, a estimativa é de 4 milhões.
Se a tendência de consumo não
for revertida, a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima
que, a partir de 2020, a epidemia
tabagística causará 10 milhões de
mortes por ano, 70% delas em
países em desenvolvimento.
A Souza Cruz (empresa da British American Tobacco) e a Philip
Morris, que dominam o mercado
de cigarros no país, não comentaram as novas resoluções.
A Souza Cruz informou que
ainda está analisando as mudanças. "Temos várias dúvidas para
serem clarificadas e esclarecidas
por este órgão [a Anvisa"", diz a
nota distribuída pela assessoria de
imprensa da empresa.
O presidente da Federação das
Associações de Comércio do Estado de São Paulo, Alencar Burti,
diz apoiar a resolução que restringe ainda mais a propaganda do
produtos em estabelecimentos.
Burti afirmou, no entanto, que
os próprios fumantes são veículo
de "propaganda". "O cigarro não
precisa mais de publicidade."
Colaborou FABIANE LEITE, da Reportagem Local
Texto Anterior: Juiz federal dá 2 versões sobre o caso Próximo Texto: Anvisa propõe parceria contra fumo passivo Índice
|