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Atraso em obra agrava cheias nas marginais
Apenas 41% dos projetos previstos em 1998 no plano de combate às enchentes estão concluídos, segundo o Daee
O número de piscinões deveria ser o dobro do que é hoje; também podem ter falhado equipamentos anticheias, diz engenheiro
DA REPORTAGEM LOCAL
Os transtornos provocados
pela enchente de ontem teriam
sido menores se as obras de
prevenção de enchentes na cidade tivessem sido concluídas,
dizem os especialistas.
Os rios Tietê e Pinheiros, que
voltaram a transbordar ontem
(provocando um efeito cascata
e afetando boa parte das estradas que chegam à cidade), foram bastante afetados pelo excesso de chuva na cabeceira no
rio Tamanduateí.
Pelo plano antienchente da
bacia do Tamanduateí, feito em
1998, deveriam ser construídos
na região 37 piscinões. Passados quase 12 anos, apenas 41%
destes projetos, segundo o
Daee (Departamento de Águas
e Energia Elétrica), está em
funcionamento.
Grande parte da água que
caiu ontem na região do Tamanduateí acabou correndo
para a calha do Tietê, que transbordou em alguns pontos.
Em todos os principais rios
que escoam para o Tietê, o número de piscinões, em média,
deveria ser o dobro do que é hoje, diz o plano de macrodrenagem para a bacia do Tietê.
Para o Daee, no entanto, a
causa dos alagamentos de ontem foi mesmo as chuvas. "Os
alagamentos e transbordamentos registrados na cidade de São
Paulo na madrugada do dia 21
de janeiro foram decorrentes
das fortes chuvas que atingiram toda a região metropolitana de forma uniforme e intensa
com duração três horas e meia,
incidindo sobre um solo totalmente encharcado por chuvas
intensas e contínuas de 30 dias
seguidos", informou o órgão.
Na prefeitura, a avaliação era
parecida: além do grande volume de chuvas dentro da cidade,
em especial na Vila Mariana
(zona sul), onde foram medidos
112 mm contra uma média de
55,5 mm em toda a cidade, choveu muito também na cabeceira do Tietê, em cidades como
Salesópolis e Mogi Mirim.
Falha no sistema
O atraso na implantação do
plano de macrodrenagem não é
o único problema, segundo o
engenheiro Aluísio Canholi, especialista em drenagem urbana, para o evento de ontem. "Os
pontos de alagamento principais da marginal Tietê têm diques de proteção, tanques e
bombas. Provavelmente estes
sistemas não estão funcionando a contento", disse Canholi.
Como há obras nas pontes da
Anhanguera e das Bandeiras,
isso pode estar comprometendo o funcionamento "destes sofisticados sistemas", afirmou o
especialista, um dos autores do
plano de macrodrenagem.
A própria calha do Tietê, rebaixada há três anos, já sofre
com alguns pontos isolados de
assoreamento. No ano passado,
em setembro, a ONG SOS Mata
Atlântica não conseguiu navegar pelo rio entre o Cebolão e a
ponte das Bandeiras durante
um evento porque não havia
profundidade suficiente para o
barco transitar. Segundo o Navega São Paulo, ONG que faz os
passeios educacionais pelo rio,
o ponto mais problemático hoje é perto do rio Tamanduateí.
O Daee não forneceu detalhes, mas disse que "as máquinas estão removendo 400 mil
metros cúbicos de sedimentos
do fundo do rio Tietê", entre a
Penha (zona leste de SP) e Santana de Parnaíba.
(EDUARDO GERAQUE, EVANDRO SPINELLI E ALEXANDRE NOBESCHI)
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