São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2000


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Violência juvenil bate recorde

ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

O número de menores envolvidos em atividades criminosas bateu recorde em 99 no Estado de São Paulo, no ano em que a Febem enfrentou sua pior crise, com mortes de internos, rebeliões e fugas em massa.
Mas, apesar do crescimento em números absolutos, a participação proporcional dos menores no total de flagrantes ficou estabilizada entre 98 e 99.
O número de atos infracionais registrados pela Polícia Militar -o boletim de ocorrência das infrações juvenis-, que vinha em queda entre 97 e 98, cresceu 14,4% no ano passado (veja quadro).
São garotos com menos de 18 anos envolvidos com roubos, furtos, tráfico e até homicídios.
A maioria dos 30.012 atos infracionais confeccionados em 99, segundo a PM, ocorreu na Grande São Paulo. Essa região concentra ainda as maiores unidades de internação da Febem.
O número da polícia só foi destacado da estatística oficial a partir de 97, quando a quantidade de casos começou a chamar a atenção do Comando Geral.
De cada três pessoas presas em flagrante no ano passado, uma tinha menos de 18 anos -proporção que vem se mantendo estável desde 97, apesar do crescimento acelerado das prisões de adultos.
Hoje, o roubo (crime praticado com armas ou com grave ameaça à vítima) lidera entre as causas que mais levam adolescentes à internação na Febem, de acordo com o Ministério Público.
""O furto na capital, por exemplo, deixou de ser um crime grave", disse o promotor da Infância e Juventude Ebenézer Salgado Soares, ao explicar que a gravidade dos delitos tem aumentado nos últimos anos (veja texto).
Especialistas divergem quanto às razões do aumento da delinquência juvenil.
Em outubro passado, no auge da crise da Febem, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Marco Vinicio Petrelluzzi, disse que os atos infracionais haviam crescido pelo menos 10% na capital e apontou como causa as constantes fugas - foram mais de 1.000 só no mês de setembro.
""O número de adolescentes no crime é alto e coincide com o período de maior exclusão do jovem do mercado de trabalho", disse o sociólogo Luís Antônio Souza, do Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo).
De acordo com o Ministério Público, a média de reincidentes está em 17% dos atendimentos.
""O aumento da criminalidade deve-se à ausência de políticas do Estado para os adolescentes, como oferecer escola, lazer e oportunidades de profissionalização", disse o juiz Régis Rodrigues Bonvicino, ex-corregedor da Febem.



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