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Violência juvenil bate recorde
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
O número de menores envolvidos em atividades criminosas bateu recorde em 99 no Estado de
São Paulo, no ano em que a Febem enfrentou sua pior crise, com
mortes de internos, rebeliões e fugas em massa.
Mas, apesar do crescimento em
números absolutos, a participação proporcional dos menores no
total de flagrantes ficou estabilizada entre 98 e 99.
O número de atos infracionais
registrados pela Polícia Militar
-o boletim de ocorrência das infrações juvenis-, que vinha em
queda entre 97 e 98, cresceu 14,4%
no ano passado (veja quadro).
São garotos com menos de 18
anos envolvidos com roubos, furtos, tráfico e até homicídios.
A maioria dos 30.012 atos infracionais confeccionados em 99, segundo a PM, ocorreu na Grande
São Paulo. Essa região concentra
ainda as maiores unidades de internação da Febem.
O número da polícia só foi destacado da estatística oficial a partir de 97, quando a quantidade de
casos começou a chamar a atenção do Comando Geral.
De cada três pessoas presas em
flagrante no ano passado, uma tinha menos de 18 anos -proporção que vem se mantendo estável
desde 97, apesar do crescimento
acelerado das prisões de adultos.
Hoje, o roubo (crime praticado
com armas ou com grave ameaça
à vítima) lidera entre as causas
que mais levam adolescentes à internação na Febem, de acordo
com o Ministério Público.
""O furto na capital, por exemplo, deixou de ser um crime grave", disse o promotor da Infância
e Juventude Ebenézer Salgado
Soares, ao explicar que a gravidade dos delitos tem aumentado
nos últimos anos (veja texto).
Especialistas divergem quanto
às razões do aumento da delinquência juvenil.
Em outubro passado, no auge
da crise da Febem, o secretário da
Segurança Pública de São Paulo,
Marco Vinicio Petrelluzzi, disse
que os atos infracionais haviam
crescido pelo menos 10% na capital e apontou como causa as constantes fugas - foram mais de
1.000 só no mês de setembro.
""O número de adolescentes no
crime é alto e coincide com o período de maior exclusão do jovem
do mercado de trabalho", disse o
sociólogo Luís Antônio Souza, do
Núcleo de Estudos da Violência
da USP (Universidade de São
Paulo).
De acordo com o Ministério Público, a média de reincidentes está
em 17% dos atendimentos.
""O aumento da criminalidade
deve-se à ausência de políticas do
Estado para os adolescentes, como oferecer escola, lazer e oportunidades de profissionalização",
disse o juiz Régis Rodrigues Bonvicino, ex-corregedor da Febem.
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