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Promotoria recebe dossiê contra hospital
CHICO DE GOIS
da Reportagem Local
Dossiê encaminhado pelo vereador Carlos Neder (PT) ao Ministério Público aponta irregularidades no Hospital do Servidor
Público Municipal que vão de superfaturamento a lobby de distribuidoras de remédios.
Entre os documentos, há um
ofício da Servier do Brasil, datado
de 3 de dezembro de 1997, ao diretor de divisão administrativa do
hospital, Marco Antonio Fernandes, solicitando a "gentileza de fazer constar nas padronizações da
farmácia" produtos como Daflon
500, Coversyl 4 mg, Diamicron e
Natrilix.
Em 2 de abril de 1998, o diretor
atendeu o pedido e enviou um
memorando ao chefe da seção de
farmácia do hospital solicitando a
inclusão dos três primeiros medicamentos.
O memorando de número 183/
97, da divisão técnica do hospital,
manda que as pesquisas de preços
para medicamentos tenham como base o Guia Farmacêutico
Brasíndice.
Esse guia é utilizado pelas farmácias na venda direta ao consumidor e, portanto, apresenta preço mais elevado do que o praticado numa venda em atacado, como é o caso do fornecimento a
hospitais ou redes de farmácias.
O critério de menor preço não
era considerado para a efetivação
de algumas compras no Hospital
do Servidor Público Municipal.
Em 25 de setembro de 1997, por
exemplo, uma tomada de preços
foi realizada para compra de medicamentos. Apesar de a BH Farma ter apresentado menor preço,
foi desclassificada pela comissão
de licitação sob alegação de que o
preço proposto era inexequível.
Em agosto do ano passado foi
solicitada a compra, em caráter
emergencial e com dispensa de licitação, de vancomicina 500 mg
injetável, utilizada por pacientes
em tratamento pós-operatório.
Um mês antes, o medicamento
havia sido comprado pelo hospital a R$ 6,80.
Uma pesquisa em quatro fornecedoras encontrou preço mínimo
de R$ 24,00 para o mesmo remédio. A compra só foi cancelada
porque já havia uma concorrência em andamento. Essa alegação
de emergência para dispensa de
licitação foi utilizada outras vezes.
A Folha apurou que o relatório
preliminar de uma comissão
constituída para investigar irregularidades no hospital, entregue
na semana passada ao secretário
municipal da Saúde, Jorge Pagura, apontou para superfaturamento e desvio de medicamentos
no HSPM. O relatório final deverá
ser concluído em 90 dias.
Um ofício encaminhado ao vereador Carlos Neder pelo superintendente do Hospital do Servidor Público Municipal, Gerson de
Andrade Nogueira, também demonstra que está crescendo o número de óbitos por causa de infecção hospitalar.
De acordo com o ofício, em 1997
aconteceram 25 mortes diretamente relacionadas à infecção
hospitalar e 60 casos indiretamente ligados. Em 1998, foram 27
mortes e 68 ocorrências indiretamente relacionadas. No primeiro
semestre do ano passado, esses
números subiram para 14 e 35,
respectivamente.
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