AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local

O Ministério da Saúde apresenta na próxima sexta-feira a campanha de prevenção à Aids para o Carnaval deste ano. Cerca de 650 outdoors já estão sendo espalhados pelas grandes cidades.
O slogan deste Carnaval é "Aids, prevenir é tão fácil quanto pegar". A mensagem chegou a dividir a Comissão Nacionalde Aids, que reúne representantes da sociedade civil.
"A mensagem não é clara, não é direta. Ela sugere certa dúvida, porque prevenir não me parece tão fácil assim", diz Mary Jane Paris Spink, professora da PUC de São Paulo e membro da Comissão Nacional de Aids.
A campanha, no entanto, poderia ter sido muito pior se a Coordenação Nacioanal de Aids não tivesse ouvido as críticas da comissão e deixado de lado um dos dois filmes para TV.
Um homem com Aids aparecia mostrando os remédios do coquetel que precisa tomar todos os dias, queixando-se dos horários e dos efeitos colaterais. Terminava dizendo: "É melhor prevenir do que remediar."
"O filme era um retrocesso, pois colocava em questão a adesão das pessoas ao tratamento, o que é fundamental", diz José Araujo, um dos representantes das ONGs do Sudeste na comissão de Aids. O coordenador Pedro Chequer concordou com as críticas e optou por deixar o filme do lado. Um segundo roteiro foi aprovado: ele mostra uma mulher dizendo que no Carnaval passado encontrou um "gato", que foi muito feliz e que se divertiu muito. "Um mês depois eu fiz o teste de Aids e deu positivo", ela. diz "Se você é esse gato, saiba que eu não sabia que estava com HIV."
O texto acrescentava um pedido de desculpas dessa mulher, que a comissão pediu que fosse retirado. "Reafirmava a idéia de que a culpa é sempre das mulheres", diz Mary Jane.

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