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O PODER DO CRIME
Diretor da Poli afirma que solução seria criar antitecnologia
Governo quer que a USP estude bloqueio de ligações
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado quer que a
direção da Escola Politécnica de
Engenharia da USP (Universidade de São Paulo) faça estudo sobre o bloqueio da transmissão de
sinais para celulares nas penitenciárias. Segundo o diretor da Poli,
Antônio Massola, o contato foi
feito no começo da semana.
O diretor disse que, para desenvolver o bloqueio, é preciso criar
um tipo de antitecnologia. Por isso, questiona a viabilidade da proposta. "É estranho, porque primeiro vendem o celular e depois
querem restringir seu uso."
Massola e professores de telecomunicações da Poli dizem ser difícil bloquear sinais nas penitenciárias sem que isso afete outros
usuários na área urbana. O sistema de telefonia móvel funciona
por ERBs (Estação de Rádio Base), espécie de antena que transmite os sinais para os celulares.
A proposta foi feita pelo secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, que reuniu-se anteontem com as concessionárias Nextel, BCP, Telesp Celular e Tess, responsáveis pela telefonia móvel no Estado.
As concessionárias não se pronunciaram. A Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações),
que faz a normatização do serviço, não vai comentar o assunto.
Para professores de telecomunicações da Poli, que pediram para
não serem identificados, uma opção seria desligar as ERBs, o que
levaria cinco minutos.
O problema é que quem passar
em frente a uma penitenciária cujo ERB da região foi desligado terá
dificuldades para usar o celular,
pois cada estação atende a uma
área de 500 metros a mil metros.
Segundo a assessoria da Telesp
Celular, as ERBs que atendem a
Casa de Detenção, em Santana,
deixariam parte da região norte
sem serviço, se fossem desligadas.
"Basta lembrar de quando a telefonia celular começou a funcionar. Era difícil falar", disse Massola. "Por isso, o estudo precisa levantar exatamente qual a área (da
ERB) e ver se ela não afeta além do
raio das penitenciárias ou da região que se quer bloquear."
Solução francesa
Uma medida adotada na França, num presídio no perímetro urbano de Paris e em outro na área
rural, foi criar ruídos para impedir a comunicação de presos.
Segundo Fernando Parra, diretor da empresa responsável pela
tecnologia (DTS Altran Consulting), o processo é fácil. A empresa determina qual a área a ser bloqueada. Segundo ele, é possível
afetar uma área de 10 metros, ao
custo estimado de US$ 200 mil.
Depois é colocada uma ERB para atrair as ligações da área. Em
seguida é preciso instalar no computador das concessionárias o
programa que interfere nas ligações. O custo da ERB e da instalação é de cerca de US$ 80 mil. "Mas
o orçamento é feito de acordo
com o serviço solicitado." Massola disse não conhecer a tecnologia.
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