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São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 2003

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PESQUISA

Estudo indica que negros se concentram em cursos menos valorizados

UFBa revela perfil racial do 3º grau

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Uma pesquisa coordenada pela UFBa (Universidade Federal da Bahia) revelou, nesta semana, que os negros matriculados em cinco estabelecimentos públicos de ensino superior frequentam os cursos "menos valorizados".
"Os dados mostram uma sub-representação dos negros quando comparamos os resultados com o perfil da população", disse a professora Delcele Mascarenhas Queiróz, 52, coordenadora da pesquisa divulgada ontem, cinco anos após o seu início.
A pesquisa contabilizou como negros todos os que se declararam pretos ou pardos. No total, 12.278 estudantes universitários que ingressaram na UFBa (Universidade Federal da Bahia), na Unb (Universidade de Brasília), na UFPR (Universidade Federal do Paraná), na UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) responderam a um questionário.
Os estudantes pesquisados iniciaram os seus cursos em 2000, com exceção dos da UFBa, que ingressaram na faculdade em 1998.
"Em três universidades (UFBa, UFPR e UFRJ), conseguimos entrevistar mais de 90% dos alunos que ingressaram em todos os cursos. Na UnB e na UFMA, tivemos uma amostra significativa", disse o professor Jocélio Teles dos Santos, coordenador do "A Cor da Bahia", programa responsável pelo levantamento.
Segundo a pesquisa, os Estados que mais têm negros matriculados são o Maranhão (42,8%) e a Bahia (42,6%). "Os índices podem parecer altos, mas estão muito aquém da representatividade dos negros nas populações dos dois Estados", disse Queiróz.
A diferença é ainda maior quando são analisados três dos cursos mais valorizados -medicina, direito e engenharia civil.
Na UFRJ, apenas 0,6% dos alunos que ingressaram em medicina há três anos eram negros. Na Bahia, Estado que registra a maior concentração de negros, o índice cai para 1,9%, em 1998.
Entre os cursos "menos valorizados", os negros se destacam. Na UFBa, 77,4% dos matriculados em química industrial eram negros. Em biblioteconomia, 62,1%.
"O resultado da pesquisa revela que o negro enfrenta muitas barreiras para conquistar postos socialmente mais elevados", disse Queiróz.


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