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PESQUISA
Estudo indica que negros se concentram em cursos menos valorizados
UFBa revela perfil racial do 3º grau
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Uma pesquisa coordenada pela
UFBa (Universidade Federal da
Bahia) revelou, nesta semana, que
os negros matriculados em cinco
estabelecimentos públicos de ensino superior frequentam os cursos "menos valorizados".
"Os dados mostram uma sub-representação dos negros quando
comparamos os resultados com o
perfil da população", disse a professora Delcele Mascarenhas
Queiróz, 52, coordenadora da
pesquisa divulgada ontem, cinco
anos após o seu início.
A pesquisa contabilizou como
negros todos os que se declararam pretos ou pardos. No total,
12.278 estudantes universitários
que ingressaram na UFBa (Universidade Federal da Bahia), na
Unb (Universidade de Brasília),
na UFPR (Universidade Federal
do Paraná), na UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e na
UFRJ (Universidade Federal do
Rio de Janeiro) responderam a
um questionário.
Os estudantes pesquisados iniciaram os seus cursos em 2000,
com exceção dos da UFBa, que ingressaram na faculdade em 1998.
"Em três universidades (UFBa,
UFPR e UFRJ), conseguimos entrevistar mais de 90% dos alunos
que ingressaram em todos os cursos. Na UnB e na UFMA, tivemos
uma amostra significativa", disse
o professor Jocélio Teles dos Santos, coordenador do "A Cor da
Bahia", programa responsável pelo levantamento.
Segundo a pesquisa, os Estados
que mais têm negros matriculados são o Maranhão (42,8%) e a
Bahia (42,6%). "Os índices podem parecer altos, mas estão muito aquém da representatividade
dos negros nas populações dos
dois Estados", disse Queiróz.
A diferença é ainda maior quando são analisados três dos cursos
mais valorizados -medicina, direito e engenharia civil.
Na UFRJ, apenas 0,6% dos alunos que ingressaram em medicina há três anos eram negros. Na
Bahia, Estado que registra a maior
concentração de negros, o índice
cai para 1,9%, em 1998.
Entre os cursos "menos valorizados", os negros se destacam. Na
UFBa, 77,4% dos matriculados
em química industrial eram negros. Em biblioteconomia, 62,1%.
"O resultado da pesquisa revela
que o negro enfrenta muitas barreiras para conquistar postos socialmente mais elevados", disse
Queiróz.
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