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CARNAVAL
Prevendo maior procura por turismo sexual, governo e ONGs realizarão ações agressivas antes e durante a festa
Começa ofensiva de combate à prostituição infantil
DA AGÊNCIA FOLHA
Prevendo uma intensificação
na demanda pelo turismo sexual,
o governo federal e ONGs que
combatem a prostituição infantil
estão preparando ações agressivas nas regiões brasileiras mais visitadas durante o Carnaval.
Hoje, em Recife (PE), o Ministério da Justiça lança a campanha
oficial do governo contra a exploração sexual de crianças e adolescentes, que inclui grandes operações policiais de repressão em
Pernambuco (programadas para
amanhã) e na Bahia (dia 27).
O número de turistas esperados
para o Carnaval deste ano, só no
Rio e na Bahia, é de 520 mil pessoas, segundo a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo). Cerca
de 90 mil seriam de outros países.
As blitze terão a participação
das polícias Civil, Federal e Rodoviária e do Ministério Público. O
Ministério da Justiça quer que a
ação sirva de "exemplo": a orientação é fechar os estabelecimentos
onde já foi detectada a prática da
prostituição infantil e cassar seu
alvará de funcionamento.
Nos aeroportos de sete capitais,
a Embratur irá exibir vídeos e distribuir panfletos, alertando sobre
as punições previstas em lei contra a prostituição infantil.
As ONGs também estão planejando ações paralelas.
A Casa Renascer, de Natal (RN),
distribui panfletos em seis idiomas, nos aeroportos, aos turistas
estrangeiros.
A ONG também entrega um
"selo de qualidade" a hotéis, bares
e agências de turismo -no Brasil
e no exterior- que comprovem
não ter envolvimento com a exploração sexual de crianças.
Três semanas antes do Carnaval, o Cedeca (Centro de Defesa
da Criança e do Adolescente) da
Bahia já havia começado a distribuir 120 mil panfletos e cartazes
com mensagens contra a prostituição infanto-juvenil nos principais pontos turísticos de Salvador.
O texto destaca as belezas da
"Bahia legal": praias, artesanato,
natureza, comidas típicas e a festa
de Carnaval. Termina com uma
advertência. "Se você tem outros
planos, atenção: exploração sexual de crianças e adolescentes é
crime e dá cadeia no Brasil", diz.
A Abrapia (Associação Brasileira de Proteção à Infância e Adolescência) vai distribuir, no Carnaval, 40 mil folhetos com o número do disque-denúncia (0800
99 0500) em Salvador, Rio, Recife,
Natal, Fortaleza, Foz do Iguaçu,
São Luís e Maceió. "Não adianta
muita coisa fazer mobilização só
no Carnaval. Vamos cobrar a
continuidade dos trabalhos", disse Lauro Monteiro Filho, secretário-executivo da Abrapia.
Os governos estaduais também
estão reforçando a repressão a esse tipo de crime. A Secretaria da
Segurança Pública do Amazonas
criou "olhos eletrônicos" em Manaus: um mecanismo de investigação com a utilização de máquinas fotográficas e filmadoras, para identificar aliciadores, corruptores de menores e traficantes.
O motivo foi o aumento das denúncias de exploração sexual de
crianças e adolescentes na cidade.
O principal indicador é o desaparecimento constante de adolescentes. Em 2002, foram 690 casos,
90% de garotas entre 10 e 17 anos.
Das adolescentes localizadas,
70% estavam envolvidas com a
exploração sexual comercial.
Muitas das garotas foram recrutadas na capital e enviadas para outros Estados, sem saber que iriam
trabalhar como prostitutas.
(MAURO ALBANO, JAIRO MARQUES E KÁTIA BRASIL)
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