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São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 2003

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CARNAVAL

Prevendo maior procura por turismo sexual, governo e ONGs realizarão ações agressivas antes e durante a festa

Começa ofensiva de combate à prostituição infantil

DA AGÊNCIA FOLHA

Prevendo uma intensificação na demanda pelo turismo sexual, o governo federal e ONGs que combatem a prostituição infantil estão preparando ações agressivas nas regiões brasileiras mais visitadas durante o Carnaval.
Hoje, em Recife (PE), o Ministério da Justiça lança a campanha oficial do governo contra a exploração sexual de crianças e adolescentes, que inclui grandes operações policiais de repressão em Pernambuco (programadas para amanhã) e na Bahia (dia 27).
O número de turistas esperados para o Carnaval deste ano, só no Rio e na Bahia, é de 520 mil pessoas, segundo a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo). Cerca de 90 mil seriam de outros países.
As blitze terão a participação das polícias Civil, Federal e Rodoviária e do Ministério Público. O Ministério da Justiça quer que a ação sirva de "exemplo": a orientação é fechar os estabelecimentos onde já foi detectada a prática da prostituição infantil e cassar seu alvará de funcionamento.
Nos aeroportos de sete capitais, a Embratur irá exibir vídeos e distribuir panfletos, alertando sobre as punições previstas em lei contra a prostituição infantil.
As ONGs também estão planejando ações paralelas.
A Casa Renascer, de Natal (RN), distribui panfletos em seis idiomas, nos aeroportos, aos turistas estrangeiros.
A ONG também entrega um "selo de qualidade" a hotéis, bares e agências de turismo -no Brasil e no exterior- que comprovem não ter envolvimento com a exploração sexual de crianças.
Três semanas antes do Carnaval, o Cedeca (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente) da Bahia já havia começado a distribuir 120 mil panfletos e cartazes com mensagens contra a prostituição infanto-juvenil nos principais pontos turísticos de Salvador.
O texto destaca as belezas da "Bahia legal": praias, artesanato, natureza, comidas típicas e a festa de Carnaval. Termina com uma advertência. "Se você tem outros planos, atenção: exploração sexual de crianças e adolescentes é crime e dá cadeia no Brasil", diz.
A Abrapia (Associação Brasileira de Proteção à Infância e Adolescência) vai distribuir, no Carnaval, 40 mil folhetos com o número do disque-denúncia (0800 99 0500) em Salvador, Rio, Recife, Natal, Fortaleza, Foz do Iguaçu, São Luís e Maceió. "Não adianta muita coisa fazer mobilização só no Carnaval. Vamos cobrar a continuidade dos trabalhos", disse Lauro Monteiro Filho, secretário-executivo da Abrapia.
Os governos estaduais também estão reforçando a repressão a esse tipo de crime. A Secretaria da Segurança Pública do Amazonas criou "olhos eletrônicos" em Manaus: um mecanismo de investigação com a utilização de máquinas fotográficas e filmadoras, para identificar aliciadores, corruptores de menores e traficantes.
O motivo foi o aumento das denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes na cidade. O principal indicador é o desaparecimento constante de adolescentes. Em 2002, foram 690 casos, 90% de garotas entre 10 e 17 anos.
Das adolescentes localizadas, 70% estavam envolvidas com a exploração sexual comercial. Muitas das garotas foram recrutadas na capital e enviadas para outros Estados, sem saber que iriam trabalhar como prostitutas.
(MAURO ALBANO, JAIRO MARQUES E KÁTIA BRASIL)


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