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UNIVERSIDADES
Para SBPC, governo federal deveria restringir ainda mais a abertura de vagas em instituições particulares
Entidade quer controle sobre ensino privado
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência), Ennio Candotti, 62, defende um maior controle do Estado sobre as universidades privadas. Para ele, até a abertura de vagas deveria ser mais controlada.
Candotti quer que a idéia conste
do projeto de reforma universitária proposto pelo Ministério da
Educação. Ele defende também
que as contrapartidas para se
abrir uma universidade sejam
mais rígidas. Ele, porém, afirma
que há uma "razoável convergência" entre as idéias da entidade e o
anteprojeto do MEC.
A SBPC ainda discute alguns
itens da proposta do ministério.
Ontem, em São Paulo, a entidade
reuniu representantes de sociedades científicas para debater o assunto. No começo do mês que
vem, será a vez de os diretores fazerem a discussão. O MEC recebe
até o dia 30 de março sugestões
para o anteprojeto.
Folha - Quais são as maiores divergências da SBPC em relação anteprojeto do MEC?
Ennio Candotti - Um consenso é
a necessidade da existência de um
marco regulatório para o ensino
superior privado. Mas acho que o
controle deveria ser maior. A educação é um serviço público e deveria funcionar como qualquer
outra concessão. Portanto o Estado tem a responsabilidade de supervisionar esse exercício; 80%
das vagas nas privadas estão em
humanidades. Não se podem
abrir tantas vagas em direito, em
administração, sem necessidade.
O país só irá se desenvolver com
mais engenheiros, mais biólogos.
Folha - De que forma o Estado pode controlar a abertura das vagas?
Candotti - Há várias maneiras.
Por exemplo, não deixar abrir vagas em cursos que estejam saturados. Ou dar bolsas de estudo [para quem escolher as carreiras em
que haja necessidade].
Folha - O MEC, no ano passado,
suspendeu por sete meses o recebimento de pedidos de credenciamento de novas instituições e de
autorizações de novos cursos.
Candotti - Mas entendo que sejam necessárias regras mais rígidas e claras para isso.
Folha - Quais são as outras divergências?
Candotti - No ensino privado,
para ser universidade, deveria haver pelo menos um doutorado
para cada grande área do saber [o
anteprojeto fala em apenas um
curso de doutorado; as instituições que são classificadas como
universidades têm mais liberdade]. É preciso mais pesquisa.
Também poderia haver mudanças no financiamento [no sistema
público]. Pode ser que uma universidade federal até receba verbas dos Estados e municípios.
Mas, no geral, há uma razoável
convergência para que tenhamos
um entendimento.
Folha - E em relação às cotas [o
anteprojeto exige que 50% das vagas nas universidades federais sejam para alunos de escola pública]?
Candotti - Estamos de acordo
com isso. O problema é evidente e
é preciso ser corrigido.
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