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Axé, suor e lágrimas
Cruzeiro marítimo comandado pela cantora Claudia Leitte tem estrutura de resort, muito álcool e música baiana até de madrugada
RODRIGO VIZEU
ENVIADO ESPECIAL A BÚZIOS (RJ)
Que tal quatro dias de verão num cruzeiro pela costa
brasileira, com sol o tempo
todo, estrutura de resort, comida e bebida à vontade e
paradas em lindas praias,
mas com muita axé music?
A Folha embarcou no cruzeiro "Claudia Leitte a Bordo", operado pela CVC, que
saiu de Santos (SP) e foi até
Búzios (RJ) na semana passada com 1.649 passageiros, a
maioria entre 20 e 30 anos.
O ritmo baiano é onipresente. O primeiro encontro
com ele se dá na entrada do
navio, quando se cruza com
uma trupe que batuca pelas
escadas dos 12 andares.
Os "trios elétricos" improvisados entram pela madrugada. Além de axé, o navio
registra boas doses de sertanejo, pagode e dance music.
AZARAÇÃO
A piscina é o centro nervoso da micareta em alto-mar.
Por lá, circula gente como o
gerente de vendas Diego
Blasco, 23, de Poá (SP).
Para atrair as meninas
-ele diz que ficou com "dezenas"-, Blasco busca fazê-las rir, recorrendo a expedientes como andar pulando, enfiar a cabeça na lixeira
e circular com um Pica-Pau
de pelúcia no pescoço.
As mulheres também investem: ao longo dos dias, é
possível vê-las se esfregando
nas escadas de metal da piscina, mostrando os seios ou
simulando pole dancing.
Uma bancária de Maceió
que pede para não se identificar diz que não imaginava
tanta azaração. Quantos pegou? "Jogando para baixo?
Um", diz, às gargalhadas.
As festas começam após o
café da manhã e varam a madrugada. A engenheira Juliana de Paula, 29, reclama que
a bebida começa a circular
muito tarde, às 11h. Uma pequena rebelião é deflagrada
quando a boate fecha, às 4h.
Alguns desprezam as
praias. "Quem quer conhecer
Búzios se aqui tem cerveja?",
indaga um paulistano, satisfeito com suas "duas minas e
uma transa" no segundo dia.
O "Navio Elétrico", show
de três horas comandado por
Claudia Leitte, é o clímax. Os
passos da "Dança do Caranguejo" fazem todos pular.
TIETAGEM
A maioria dos passageiros
-que pagaram de R$ 850 a
R$ 3.000- só rende elogios
ao cruzeiro. Entre dezenas de
entrevistados, a reportagem
só ouviu duas críticas.
Um casal gaúcho se desencantou com o cheiro de cerveja e vômito da área da piscina e preferiu o cassino.
A outra crítica é de um juiz
de Curitiba que acompanhava a filha de 13 anos fã de
Claudia Leitte. Ainda nas primeiras horas no mar, Fernando Ganem, 39, dizia estar
achando a viagem "legal",
mas, sob o axé, já reclamava
da "muvuca desgraçada".
As fãs adolescentes de
Claudia Leitte são um grupo
à parte. Alheias à pegação,
fazem vigília em frente à cabine dela. O contato com a
estrela as leva às lágrimas.
No último dia, após dançar
até altas horas, os micareteiros têm que desocupar as cabines às 8h30. O desembarque só ocorre três horas depois. A espera leva centenas
a dormir pelo chão.
Uma música calma enfim
toca no sistema de som.
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