São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2001

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Na Câmara, nem petista aparece

DA REPORTAGEM LOCAL

O grande evento de psicodrama para discutir ética e cidadania, proposto por Marta Suplicy, não teve apoio dos vereadores paulistanos, nem mesmo dos membros da bancada do PT, partido da prefeita de São Paulo.
O psiquiatra e psicodramatista Içami Tiba, que iria coordenador os trabalhos na Câmara, esperou em vão por 1h30 pela presença de vereadores e funcionários. Sem público para trabalhar, Tiba deixou o local dizendo-se "frustado".
"Meu sonho era fazer um psicodrama com os vereadores. Mas o psicodrama faz com que a pessoa se exponha, seja vista de forma completa, e isso o político não gosta de fazer", disse Tiba.
Segundo o psiquiatra, ninguém estava sabendo do evento quando ele chegou na Câmara. "Psicodrama não dá ibope para eles (vereadores)", disse.
Antonio Goulart (PMDB) foi o único vereador a comparecer no auditório que fica na parte externa da Câmara, mas não havia pessoas suficientes para começar os trabalhos. "Dá vergonha ver isso. Deixei um compromisso para participar", afirmou Goulart.
Ele disse "estranhar" a ausência da bancada petista ao evento. "A bancada do PT só está preocupada com a distribuição de cargos no governo", disse Goulart, que faz parte da base de apoio à prefeita Marta Suplicy na Câmara.
Anabil Martinez Diniz, assessor do vereador José Eduardo Cardoso (PT), que reservou o local para o psicodramatista, disse que deve ter faltado divulgação ao evento.
Mas todos os vereadores ouvidos pela Folha sabiam do megapsicodrama na cidade. O vereador Devanir Ribeiro (PT), por exemplo, disse que tinha um compromisso e que não pode comparecer. "Divã de pobre é terreiro de umbanda", disse Ribeiro.
Outros vereadores petistas culparam a agenda lotada. Ítalo Cardoso (PT) disse que tinha aula na faculdade de direito e Carlos Giannasi (PT) afirmou que estava em reunião na CPI da Educação, da qual é presidente.
"Minha agenda está superlotada. Tenho outras coisas a fazer", disse o vereador Cláudio Fonseca (PC do B), outro governista. O vereador Erasmo Dias (PPB) afirmou que não compareceu ao evento porque o psicodrama não contribuiu para o aumento da cidadania da população.
"É muita filosofia para o meu gosto. A coisa tem de ser mais simples para chegar mais perto do povão", afirmou.
(GILMAR PENTEADO)


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