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TRANSPORTE
Prejuízo não passará de R$ 2 milhões até terminar contratos; empresa deve buscar ônibus usado no interior
Multa de R$ 11,20 não preocupa viação
DA REPORTAGEM LOCAL
A multa diária de R$ 11,20 imposta pela prefeitura para cada
ônibus fabricado até 1991 que
continuar nas ruas de São Paulo
não consegue assustar as viações.
Mesmo que não troquem todos
os 1.074 veículos velhos da frota
até terminar os atuais contratos
emergenciais, elas terão um prejuízo inferior a R$ 2 milhões
-que representa menos de 2%
da remuneração mensal e que só é
suficiente para a compra de 16
ônibus zero-quilômetro.
Marcelo Marques, diretor do
Transurb (sindicato dos patrões),
diz, porém, que a tendência das
empresas é tentar adquirir ônibus
usados, fabricados a partir de
1992, no interior e na região metropolitana de São Paulo. Neste
ano, uma das empresas chegou a
trazer veículos do Rio de Janeiro.
"O empresário não tem interesse de manter a frota velha e ainda
levar multa, independentemente
do valor. O ônibus novo é um investimento que todo mundo gosta de fazer, mas não tem condições, até mesmo porque não existe essa quantidade de ônibus novos saindo direto da fábrica", diz.
Segundo Marques, as fábricas
de carroceria, como a Caio/Induscar, do empresário de ônibus José
Ruas Vaz, não teriam interesse de
aumentar a produção por causa
de uma situação temporária.
"Não adianta contratar empregados e depois de dois meses ter que
demitir todo mundo", afirma.
Segundo funcionários da CCTC
(Cooperativa Comunitária de
Transportes Coletivos), que reúne
funcionários da extinta CMTC e
que também atua na capital paulista, a compra de um ônibus fabricado em 1995 pode ser feita por
R$ 50 mil, contra R$ 30 mil de um
veículo 1991. O zero-quilômetro
custa perto de R$ 120 mil.
Desde a semana passada, quando a prefeitura passou a fiscalizar
as viações que não substituíram
os ônibus velhos, as multas ainda
não acumulam R$ 200 mil. Os
contratos emergenciais vencem
na metade deste ano.
A tendência das empresas de
comprar ônibus usados para
atender às cláusulas contratuais
pode visar facilitar as negociações
com a prefeitura para a redução
da frota operacional. As viações
querem reduzir a quantidade de
veículos nas ruas -hoje são mais
de 10 mil ônibus- para diminuir
os custos operacionais.
O secretário dos Transportes,
Carlos Zarattini, diz que as viações que optarem por receber as
multas, em vez de renovar a frota,
não poderão reclamar da queda
de passageiros. "É uma escolha
deles, nada inteligente, na minha
opinião. Se eles já reclamam do
prejuízo, vão ter ainda mais."
Para ele, a idéia de trazer ônibus
novo é bom para os passageiros,
mas também é bom para as empresas, já que os ônibus velhos
não ajudam a recuperar os usuários do sistema de transporte.
Nos últimos cinco anos, a quantidade de passageiros caiu pela
metade, principalmente por causa da concorrência das lotações.
Das 40 viações de São Paulo, 12
não têm em suas frotas veículos
fabricados até 1991. As empresas
do empresário Romero Niquini,
como Santa Bárbara e São Judas,
estão entre as que mantêm as
maiores quantidades de ônibus
velhos. Niquini controla um dos
três maiores grupos da capital.
(ALENCAR IZIDORO)
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