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São Paulo, sábado, 22 de março de 2003

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Superintendente da PF cai por suspeita de corrupção

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O superintendente da Polícia Federal (PF) do Paraná, delegado Juliano Maciel, foi destituído do cargo na última terça-feira por causa de uma suspeita de corrupção. Uma equipe de policiais destacada de Brasília vasculhou ontem a casa do delegado em Curitiba e o gabinete da superintendência em busca de provas.
No começo do ano passado, teria chegado à Corregedoria da Polícia Federal, sediada em Brasília, uma denúncia de que Juliano Maciel interveio em inquéritos abertos contra empresários do comércio, que atuam na fronteira do Brasil com o Paraguai, em troca de favores pessoais.
A investigação sobre o ex-superintendente da PF no Paraná, no entanto, não tem ligação com a Operação Sucuri, de acordo com o delegado-chefe de Foz do Iguaçu, Joaquim Mesquita.
Na semana passada, a operação prendeu 22 policiais federais sob a acusação de que integrariam um esquema de contrabando na ponte da Amizade -que faz a ligação entre o Brasil e o Paraguai. Ontem foram detidas outras cinco pessoas, totalizando 43.
A operação de busca e apreensão realizada ontem em Curitiba, que teve autorização da Justiça Federal, foi comandada pelo delegado Paulo de Tarso Gomes, da capital federal. Ele volta ao Paraná na próxima semana para continuar as investigações.
A assessoria de imprensa da PF em Brasília confirmou à Agência Folha que o delegado Paulo de Tarso fez buscas na casa e no gabinete de Juliano Maciel ontem, no entanto não informou o motivo da ação. O inquérito está sob segredo de Justiça.
Paulo de Tarso é o mesmo delegado que, há um ano, comandou a operação de busca e apreensão na empresa Lunus, de Roseana Sarney (PFL), então governadora do Maranhão e atual senadora pelo Estado, e do marido dela, Jorge Murad. Ontem, o STF (Supremo Tribunal Federal) mandou devolver o material que foi apreendido na operação à senadora e ao marido. A devolução inclui R$ 1,34 milhão em espécie, que constou do conjunto da apreensão.
A exoneração de Maciel estava publicada na edição do "Diário Oficial" da União que circulou ontem. O delegado passou dois anos no comando da PF do Paraná e foi uma indicação do PFL. O novo superintendente é Jaber Makul Hanna Saad, que assume na próxima semana. Saad atuava em Santos (litoral paulista).

Sem ordem de prisão
O delegado regional Ademir Gonçalves afirmou, no final da tarde de ontem, que não poderia revelar os motivos que norteiam a investigação contra Juliano Maciel. "O caso está afeto ao delegado Paulo de Tarso e só ele pode falar", disse. Gonçalves negou, porém, que exista uma ordem de prisão contra o ex-superintendente. "Ele ainda deve ser chamado para depor no inquérito."
A Agência Folha tentou falar com o delegado Paulo de Tarso ontem. Ele não recebeu a reportagem na primeira tentativa, feita pessoalmente na sede da superintendência em Curitiba, por volta do meio-dia. No final da tarde o celular do delegado estava desligado. Ele estaria em viagem de retorno a Brasília, segundo um investigador da equipe.
A Agência Folha não conseguiu localizar o ex-superintendente Juliano Maciel. Segundo a assessoria de imprensa da PF no Paraná, ele teria viajado para Brasília na terça-feira e até a noite de ontem estaria de volta em Curitiba.


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