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SAÚDE
Foram registrados 19 casos da doença em Santa Catarina após ingestão da bebida; carregamentos da planta serão investigados
Chagas mata 3 que beberam caldo de cana
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
A Secretaria da Saúde de Santa
Catarina registrou, neste final de
semana, 19 casos da doença de
Chagas no Estado pela ingestão
de caldo de cana. Os últimos cinco
foram diagnosticados em Joinville (180 km de Florianópolis).
Ana Beatriz Cabral, 4, e a avó,
Dorvalina da Rocha Cabral, 62, no
dia 7, e a irmã Anne Heloísa Cabral, 9, no dia 14, morreram com
as suspeitas de leptospirose e hantavirose. Neste fim de semana,
houve a confirmação de que elas
foram vítimas de doença de Chagas aguda (em sua fase inicial).
Os pais das duas meninas, Moacir e Dinéia Cabral, estão internados em Florianópolis com o mesmo diagnóstico. Os cinco beberam caldo de cana. A venda do
produto foi proibida em todo o
Estado de Santa Catarina.
De acordo com o secretário da
Saúde, Luiz Eduardo Cherem, há,
além dos casos já confirmados,
mais dez suspeitos de terem contraído a doença. Dezesseis pessoas seguem hospitalizadas.
Em todos, a infecção aconteceu
após a ingestão de caldo de cana,
principalmente na região de Itajaí
(102 km da capital), em quiosques
às margens da BR-101. Segundo
Cherem, metade dos casos ocorreu no mesmo estabelecimento.
A Secretaria de Vigilância em
Saúde (órgão federal) afirma que,
em Santa Catarina, não existe a
espécie do barbeiro infectada pelo
protozoário Trypanosoma cruzi,
o causador da doença.
O próximo passo, segundo Cherem, é descobrir como a contaminação ocorreu no Estado. A suspeita é que o barbeiro ou as fezes
do hospedeiro tenham sido moídos com a cana. Há a possibilidade de um carregamento de cana-de-açúcar já contaminado ter entrado no Estado. Após reunião
com o Ministério da Saúde, ontem, o secretário afirmou que irá
apurar a origem da cana e fará
uma inspeção nos locais de armazenamento do produto na região.
O secretário da Vigilância em
Saúde, Jarbas Barbosa, faz o alerta
aos turistas que passaram o verão
no Estado. A descoberta precoce
da infecção é importante, pois os
remédios hoje disponíveis são eficazes só na fase inicial da doença.
Cherem lamentou o "transtorno social" que a interdição dos estabelecimentos causa às pessoas
que necessitam do trabalho para o
sustento. Só na região em que
ocorreram os casos, cerca de 50
moradores que comercializam o
caldo de cana foram fechados.
Segundo o ministério, casos semelhantes, por meio do caldo de
cana, ocorreram na Paraíba, no final da década de 1980. No final
dos anos 1990, o Pará também teve registros, mas com o açaí.
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