São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2005

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SAÚDE

Foram registrados 19 casos da doença em Santa Catarina após ingestão da bebida; carregamentos da planta serão investigados

Chagas mata 3 que beberam caldo de cana

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

A Secretaria da Saúde de Santa Catarina registrou, neste final de semana, 19 casos da doença de Chagas no Estado pela ingestão de caldo de cana. Os últimos cinco foram diagnosticados em Joinville (180 km de Florianópolis).
Ana Beatriz Cabral, 4, e a avó, Dorvalina da Rocha Cabral, 62, no dia 7, e a irmã Anne Heloísa Cabral, 9, no dia 14, morreram com as suspeitas de leptospirose e hantavirose. Neste fim de semana, houve a confirmação de que elas foram vítimas de doença de Chagas aguda (em sua fase inicial).
Os pais das duas meninas, Moacir e Dinéia Cabral, estão internados em Florianópolis com o mesmo diagnóstico. Os cinco beberam caldo de cana. A venda do produto foi proibida em todo o Estado de Santa Catarina.
De acordo com o secretário da Saúde, Luiz Eduardo Cherem, há, além dos casos já confirmados, mais dez suspeitos de terem contraído a doença. Dezesseis pessoas seguem hospitalizadas.
Em todos, a infecção aconteceu após a ingestão de caldo de cana, principalmente na região de Itajaí (102 km da capital), em quiosques às margens da BR-101. Segundo Cherem, metade dos casos ocorreu no mesmo estabelecimento.
A Secretaria de Vigilância em Saúde (órgão federal) afirma que, em Santa Catarina, não existe a espécie do barbeiro infectada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, o causador da doença.
O próximo passo, segundo Cherem, é descobrir como a contaminação ocorreu no Estado. A suspeita é que o barbeiro ou as fezes do hospedeiro tenham sido moídos com a cana. Há a possibilidade de um carregamento de cana-de-açúcar já contaminado ter entrado no Estado. Após reunião com o Ministério da Saúde, ontem, o secretário afirmou que irá apurar a origem da cana e fará uma inspeção nos locais de armazenamento do produto na região.
O secretário da Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, faz o alerta aos turistas que passaram o verão no Estado. A descoberta precoce da infecção é importante, pois os remédios hoje disponíveis são eficazes só na fase inicial da doença.
Cherem lamentou o "transtorno social" que a interdição dos estabelecimentos causa às pessoas que necessitam do trabalho para o sustento. Só na região em que ocorreram os casos, cerca de 50 moradores que comercializam o caldo de cana foram fechados.
Segundo o ministério, casos semelhantes, por meio do caldo de cana, ocorreram na Paraíba, no final da década de 1980. No final dos anos 1990, o Pará também teve registros, mas com o açaí.


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