São Paulo, domingo, 22 de março de 1998

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PALACE 2
Um mês após desabamento, indenizações não começaram a ser pagas
Situação dos moradores permanece indefinida

FELIPE WERNECK
da Sucursal do Rio

Um mês após o desabamento do Palace 2, em 22 de fevereiro, e a interdição do Palace 1, continua indefinida a situação das 280 famílias que moravam nesses prédios.
A construtora Sersan ainda não começou a pagar as indenizações aos moradores do Palace 2 e só renovou por mais uma semana a estadia deles em hotéis da cidade.
As famílias do Palace 1 não receberam proposta de hospedagem da construtora e estão em apart-hotéis pagos pela prefeitura.
O Palace 1 está interditado por apresentar problemas estruturais semelhantes aos que foram encontrados no Palace 2, que tinha 22 andares e desabou parcialmente no domingo de Carnaval, provocando a morte de oito pessoas.
Seis dias depois, após outro desabamento parcial, o prédio foi implodido com tudo dentro.
Rauliete Barbosa Guedes, presidente da Associação das Vítimas do Palace, disse que os moradores estão "sem expectativas" quanto aos acordos propostos pela construtora. A esperança, para ela, é a ação civil que o Ministério Público move contra a Sersan.
A assessoria dos advogados da construtora informou que, até sexta-feira, 90 famílias haviam preenchido formulários com o valor dos bens perdidos. Indenizações por danos morais serão estudadas "caso a caso".
A associação não concorda e considera "um risco muito grande" a condição exigida pelo deputado Sérgio Naya (sem partido-MG), dono da Sersan, para o pagamento das indenizações.
Naya, que pode ter seu mandato cassado pela Câmara dos Deputados sob a acusação de falta de decoro parlamentar, quer o desbloqueio de suas contas bancárias e bens, determinado pela Justiça. O procurador Elio Fishberg disse que a liberação pode ser feita se ele pagar as indenizações.
Peritos que fazem o laudo criminal sobre as causas do acidente acharam, semana passada, pedaços de madeira, plástico e papel misturados ao concreto do prédio. Também estariam faltando ganchos na armadura dos pilares que constavam da planta. A Sersan alega que o erro está no cálculo estrutural. O engenheiro que fez o cálculo, José Roberto Chendes, disse que a falha apontada pela Sersan não causaria o desabamento.
Para o perito Hugo Campos, "somente uma série de erros derrubaria o prédio". O laudo criminal deva estar pronto em 10 dias.



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