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"Era uma pessoa independente'
da Sucursal do Rio
A portuguesa Eunice Pacheco,
42, se mudou em setembro do ano
passado com o marido, Vitor Lustosa, 49, e a filha, Samantha, 20,
para o Palace 2. "Gastamos tudo
naquele apartamento", diz.
Hoje, a família está em um quarto de hotel em Copacabana (zona
sul). Eunice tem medo de sair sozinha e só dorme depois de tomar
tranquilizantes. "Primeiro, foi a
fase do barulho do desabamento,
que me perseguiu por dez dias.
Agora, são os pesadelos. Parece
que o piso vai abrir sob meus pés."
Todos os dias, antes de ir para a
cama, Eunice fecha as janelas do
quarto. "Copacabana tem uns barulhos estranhos durante à noite.
Tenho medo de acordar e, desesperada, me jogar."
Ela disse que acorda todos os
dias com o corpo doído, a sensação de que seus dentes estão soltos
e com a língua trincada.
"É uma angústia muito grande,
estamos meio ciganos", afirmou
Eunice ao saber que a construtora
Sersan só renovou o pagamento
do hotel até a próxima semana.
"Eu era uma pessoa independente. Hoje, não estou em condições de trabalhar." Durante dez
anos, Eunice foi presidente de
uma organização não-governamental belga que trabalha com
ressocialização de ex-presidiários.
Ela disse que não procura ajuda
psicológica porque não teria dinheiro para pagar. A família ainda
não tem qualquer garantia sobre
seu futuro. "O melhor remédio é o
tempo. Hoje, ainda estou completamente baratinada."
(FW)
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