São Paulo, domingo, 22 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Era uma pessoa independente'

da Sucursal do Rio

A portuguesa Eunice Pacheco, 42, se mudou em setembro do ano passado com o marido, Vitor Lustosa, 49, e a filha, Samantha, 20, para o Palace 2. "Gastamos tudo naquele apartamento", diz.
Hoje, a família está em um quarto de hotel em Copacabana (zona sul). Eunice tem medo de sair sozinha e só dorme depois de tomar tranquilizantes. "Primeiro, foi a fase do barulho do desabamento, que me perseguiu por dez dias. Agora, são os pesadelos. Parece que o piso vai abrir sob meus pés."
Todos os dias, antes de ir para a cama, Eunice fecha as janelas do quarto. "Copacabana tem uns barulhos estranhos durante à noite. Tenho medo de acordar e, desesperada, me jogar."
Ela disse que acorda todos os dias com o corpo doído, a sensação de que seus dentes estão soltos e com a língua trincada.
"É uma angústia muito grande, estamos meio ciganos", afirmou Eunice ao saber que a construtora Sersan só renovou o pagamento do hotel até a próxima semana.
"Eu era uma pessoa independente. Hoje, não estou em condições de trabalhar." Durante dez anos, Eunice foi presidente de uma organização não-governamental belga que trabalha com ressocialização de ex-presidiários.
Ela disse que não procura ajuda psicológica porque não teria dinheiro para pagar. A família ainda não tem qualquer garantia sobre seu futuro. "O melhor remédio é o tempo. Hoje, ainda estou completamente baratinada." (FW)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.