São Paulo, domingo, 22 de março de 1998

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Moradora não vai voltar ao prédio

FELIPE WERNECK da Sucursal do Rio

Carla Bastos, 32, pagou US$ 150 mil por sua cobertura no Palace 1. Com a interdição do prédio, a família foi para um hotel e ela disse que não voltará para o apartamento depois das obras de recuperação. "Eu fico feliz se conseguir alugar para alguém que pague pelo menos o condomínio."
Carla é angiologista e toda a renda de sua família vem das consultas e cirurgias que faz diariamente. Seu marido, Marcelo, é anestesista, e os dois trabalham juntos.
Ela só pôde voltar a trabalhar na semana passada, pois não tinha condições para realizar as operações. "Fiquei três semanas sem ter firmeza nas mãos", disse. Durante esse tempo, seu consultório permaneceu fechado.
"Quando você tem um emprego fixo, pode pedir licença. No meu caso, se não trabalho, não recebo. Fiquei sem casa e sem dinheiro."
Carla tem dois filhos. A família está dormindo em um hotel na Barra (zona sul do Rio), pago pela Prefeitura. A construtora Sersan não se manifestou quanto ao pagamento de hospedagem aos moradores do Palace 1.
A previsão dos engenheiros que fazem a recuperação estrutural desse edifício é que em maio os moradores já possam estar voltando para os apartamentos.
"Mesmo que se torne o edifício mais seguro da cidade, não volto nunca mais para lá. No lugar do amor que eu tinha por tudo aquilo que construí, agora tenho um trauma", afirma. (FW)



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