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AVENTURA
Navegador paulistano chegou ontem; é o primeiro homem a dar a volta no mundo pela rota mais curta
Klink retorna após dar 'voltinha' ao mundo
HENRIQUE MARTIN
enviado especial a Parati (RJ)
O navegador paulistano Amyr
Klink, 43, chegou ontem de manhã
a Parati (RJ) após uma viagem de
88 dias em um veleiro ao redor da
Antártida, numa expedição que
passou pelos oceanos Atlântico,
Índico e Pacífico, dando uma volta
completa no eixo imaginário do
planeta Terra.
Klink é o primeiro homem a percorrer essa rota sozinho. A volta ao
mundo, a bordo do veleiro Paratii,
foi feita pela rota mais curta (18 mil
km) e a mais perigosa, devido ao
mar traiçoeiro e cheio de icebergs.
O percurso de Klink teve menos
da metade da extensão da primeira
volta ao mundo completada em
um balão, que terminou anteontem, após 41.180 km percorridos,
mas na altura do Equador, onde a
Terra é bem mais "gorda" que na
Antártida.
O navegador partiu de Parati no
dia 31 de outubro de 98. A volta pela Antártida começou em 23 de novembro, na ilha Georgia do Sul, e
terminou no dia 19 de fevereiro em
uma base baleeira da Noruega. A
viagem total foi de 141 dias.
O navegador disse ontem, em entrevista coletiva num antigo engenho de Parati, que estava "surpreso" de ver tanta gente o esperando.
Cansado, com saudades e gripado,
Klink disse que o Paratii, apesar de
ser um veleiro, e não um barco de
regatas, fez uma excelente média
de tempo na volta para casa. "Não
é um puro-sangue de regatas, mas
é quase um caminhão", disse.
Com ondas gigantescas, tempestades e icebergs no meio do caminho, Klink disse que fazer esse tipo
de viagem sozinho exige disciplina
e organização. "Tenho de administrar os minutos religiosamente."
A obrigação de controlar o tempo minuto a minuto fazia o navegador dormir de 20 a 30 minutos,
ficar acordado mais 40 e voltar a
dormir. "Tem de ficar sempre
pronto para intervir."
Ele conta, porém, que em um
dia, na Antártida, não acordou. O
despertador, diz Klink, estava longe, e "eu não ouvi o som nem o
alarme do radar".
Quando acordou, tomou um
susto. Um iceberg "com uns 50
metros de altura" estava atrás do
barco. Se tivesse batido no bloco
de gelo, a fatalidade era inevitável.
Mas o navegador não sabe como se
salvou. "Gastei a minha cota de
sorte e a dos anjos da guarda."
Segundo o navegador, um iceberg do tamanho de um fogão pode afundar o barco.
"Em qualquer tipo de embarcação você corre riscos. Não pode fazer besteira."
²
Riscos
O Paratii também correu riscos
sozinho. Na base brasileira Comandante Ferraz, na Antártida, o
navegador foi convidado para o almoço. Foi, nervoso. O vento estava
forte. Klink conta que, durante a
refeição, veio o aviso: "Alerta! O
Paratii está indo embora".
Os ventos fortes fizeram o barco
navegar sem rumo. Durante o resgate, Klink e os brasileiros da base
tiveram problemas com os botes
da base e caíram n'água.
O barco foi resgatado quase em
alto mar, com um outro "pequeno" problema. O aquecedor pegava fogo, que foi logo controlado.
O frio, nos dias seguintes ao incêndio, nem incomodou o navegador, que só pensava em chegar.
Klink já fala sobre ofuturo. Em
sua próxima expedição, pretende
circunavegar o planeta numa escuna polar de 93 pés (28 metros) e
com uma uma tripulação.
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