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ENERGIA
País tem margem de segurança inferior à recomendada
Crise econômica adia colapso no sistema elétrico do país
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Foz do Iguaçu
A crise econômica brasileira está
evitando que o sistema elétrico do
país entre em colapso neste início
de ano. Ou seja, o menor consumo
de energia está "empurrando" a
generalização de blecautes para o
futuro, que pode estar próximo.
Essas informações foram apuradas pela Agência Folha com técnicos de Furnas e de Itaipu, com base
no plano decenal de expansão do
sistema elétrico brasileiro.
Atualmente, todo o sistema opera com uma margem de oferta inferior aos parâmetros internacionais de segurança.
Enquanto internacionalmente
há uma margem de sobra de 10%
na oferta de energia em relação ao
consumo, no Brasil esse índice é de
5% nos momentos de pico.
O Brasil tem capacidade para gerar 59,3 mil MW (megawatts) de
energia. A oferta real de energia
(descontando sistemas isolados do
norte do país, usinas em manutenção, sistemas de autoprodução,
entre outros) é de 44 mil MW.
Nos horários de pico a demanda
atinge 42 mil MW. Para atender
aos padrões ideais de segurança, o
consumo do país deveria ficar
abaixo de 40 mil MW. Ou então ter
uma oferta real de energia superior
a 46,2 mil MW. Quer dizer, a possibilidade de ocorrência de um novo
blecaute é maior do que se pensa.
O blecaute do último dia 11 foi o
primeiro alerta. Previsões do
GCPS (Grupo Coordenador do
Planejamento dos Sistemas Elétricos) para o plano decenal de expansão (1998/ 2007) mostram uma
necessidade de incorporação de
3.640 MW, por ano, para atender
ao aumento no consumo.
Isso equivale a 26,3% do consumo de todo o Estado de São Paulo
no momento do blecaute (cerca de
13,8 mil MW) e também à potência
gerada por duas usinas do porte de
Porto Primavera (geração de 1.818
MW de potência).
Mesmo com a retração econômica, que deverá fazer com que o
GCPS reavalie as taxas de aumento
de consumo de energia para os
próximos anos, a situação permanecerá crítica.
Nos últimos anos, independentemente do comportamento do
PIB (Produto Interno Bruto), o
crescimento no consumo de energia foi constante.
Em 1995, a estimativa de aumento no consumo pelo GCPS era de
4%. No entanto, o crescimento da
demanda de energia foi de 7,6%.
O mesmo se verificou em 1996,
com 6% (contra uma previsão de
3,8 %) e em 1997, com 6,5% (previsão de 5,6%).
A expectativa de crescimento
anual do consumo até 2007 deverá
ser de 3% a 5% ao ano.
Essa situação foi criada pela redução, em termos de investimentos, no setor elétrico brasileiro nesta década em relação aos anos 80.
Naquela época, o investimento
médio anual foi de R$ 13 bilhões.
Nos anos 90, R$ 6,8 bilhões anuais.
Até 2007, o plano decenal do
GCPS prevê a necessidade de investimentos de R$ 8 bilhões ao ano
para que se cumpra o objetivo de
incorporar anualmente 3.640 MW
à oferta de energia. Essas projeções
foram feitas em janeiro, antes da
desvalorização do real.
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