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25 da quadrilha já estão presos
DA SUCURSAL DO RIO
Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, teve de buscar parceiros no exterior depois
que sua quadrilha original no Brasil foi praticamente desmantelada, nos últimos dois anos.
Dos 35 integrantes principais da
quadrilha formada na favela Beira-Mar, em Duque de Caxias
(Baixada Fluminense, no Rio de
Janeiro), restam sete em atividade, foragidos da Justiça. Vinte e
cinco estão presos e três mortos
ou desaparecidos.
O traficante, condenado a 30
anos de prisão no Brasil, fugiu para a Colômbia, onde teve a proteção de guerrilheiros das Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), aos quais forneceria armas em troca de drogas.
Lá, a imprensa o chama de "Pablo
Escobar brasileiro".
O negócio ilegal de Beira-Mar
nasceu como uma empresa familiar, na qual trabalhavam parentes, namoradas e compadres.
"O levantamento da quadrilha
foi um trabalho exaustivo", afirma a coordenadora da 3ª Central
de Inquérito do Ministério Público do Estado do Rio, promotora
Márcia Velasco, responsável por
denúncias contra 41 supostos parceiros de Beira-Mar.
Os primeiros registros da vida
de Luiz Fernando da Costa no crime datam de 1986, quando, aos 18
anos, ele foi licenciado do 21º
Grupo de Artilharia do Exército
por motivos disciplinares.
O desligamento ocorreu quando a Divisão de Roubos e Furtos
da Polícia Civil enviou ao comandante da unidade ofício informando que o soldado Fernando
participara de roubo contra uma
firma de importação e exportação, em 12 de novembro de 1986.
Depois disso, ele participou de
vários assaltos. Chegou a ser detido, mas foi liberado.
Aos 22 anos, Costa assumiu o
comando do tráfico na favela,
acumulou dinheiro e distribuiu o
patrimônio entre pessoas de sua
confiança, que, em troca, começaram a fazer a lavagem do dinheiro
do tráfico de drogas.
"Para os traficantes, a ligação
afetiva sempre diminui a possibilidade de uma traição", afirma o
chefe de Operações da DAS (Delegacia Anti-Sequestro) do Rio de
Janeiro, Rodrigo Oliveira.
Segundo Oliveira, o que diferencia a atuação de Beira-Mar da
de outros traficantes é que ele jamais se associou em definitivo a
uma das facções criminosas do
Rio, como o Comando Vermelho
ou o Terceiro Comando. "Ele faz
alianças pontuais com bandidos e
vende droga no atacado", disse.
Preso pela segunda vez em março de 1996, o traficante fugiu, no
ano seguinte, de uma penitenciária em Belo Horizonte. Desde então, seu destino pode ser monitorado apenas pelo rastro de sangue
que deixa por onde passa.
Ele teria ido para o Paraguai.
Em Capitán Bado, no país vizinho, Beira-Mar mandou matar
pelo menos dois membros da família Morel, perdeu seu sucessor,
José Ailton Nascimento, e assistiu
às prisões de seu "braço direito",
Jaime Amato Filho, e de seu segurança, Marcelinho Niterói.
O crime mais violento atribuído
ao traficante é a tortura e morte
do estudante Michel Anderson do
Nascimento, 21, por namorar
uma de suas amantes, Joelma
Carlos de Oliveira -que encontra-se desaparecida.
Fitas gravadas pela polícia mostram que Beira-Mar comandou a
tortura do Paraguai, por telefone
via satélite. Preso há duas semanas sob a acusação de matar Nascimento, Marcos Marinho dos
Santos, o Chapolim ou Bomba,
nega tudo, mas não esconde o entusiasmo ao falar sobre o traficante. "É o homem mais famoso do
Brasil", disse Chapolim à Folha
na última quinta-feira.
No final do ano passado, Beira-Mar reapareceu na Colômbia, associado ao comandante da Frente
16 das Farc, Tomás Medina Caracas, o Negro Acacio.
(PEDRO DANTAS)
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