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São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2003

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VIOLÊNCIA

Pelo menos 5 policiais foram baleados; ação ocorreu no complexo da Maré (zona norte), no reduto do criminoso Linho

Tráfico ataca microônibus com PMs no Rio

Ricardo Leoni/Agência "O Globo"
O microônibus da PM, atacado ontem, caiu em um valão depois que o seu motorista foi atingido


FABIANA CIMIERI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Às 20h de ontem, traficantes atacaram com metralhadoras, fuzis e pistolas um microônibus lotado de policiais militares que circulava pelo complexo de favelas da Maré (zona norte do Rio).
Um tiro acertou o motorista, cujo nome não havia sido revelado até as 23h. O microônibus, desgovernado, caiu dentro de um valão. No total, pelo menos cinco policiais foram baleados. Dois policiais que estavam no microônibus ficaram presos às ferragens, de acordo com a PM.
O ataque aconteceu na favela Baixa do Sapateiro, controlada pela facção criminosa TC (Terceiro Comando). O chefe da facção é Paulo César Silva dos Santos, o Linho, considerado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio o mais importante criminoso em atividade.
Morador do complexo, Marco Aurélio Fernandes da Silva, 6, foi baleado durante o ataque. Ele foi levado para o Hospital Souza Aguiar (centro). O microônibus tem capacidade para até 25 policiais. Segundo a PM, o veículo estava com a lotação máxima. De acordo com os relatos feitos por rádio do local para o batalhão, o ataque foi repentino e bastante violento. Surpreendidos, os PMs ainda conseguiram reagir. Depois que o microônibus caiu no valão, por onde escoa parte do esgoto da favela, o tiroteio se intensificou. Encurralados, os policiais pediram reforço e socorro médico.
Durante cerca de 30 minutos, a equipe médica da PM não conseguiu entrar na favela por causa dos tiros dos traficantes.
Com a chegada de homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais), a tropa de elite da PM, os médicos puderam socorrer os feridos. O policial Nilson Luiz da Silva foi levado para o Souza Aguiar em estado grave.
O Hospital Geral de Bonsucesso (zona norte) recebeu os soldados José de Araújo Júnior, 32, baleado na região lombar, e Fábio Leite da Costa, atingido na barriga e que corre risco de morte. O sargento Clair Pinto de Santana e o soldado Nelson Gomes Pereira Júnior sofreram fraturas e foram internados no hospital. O microônibus levava policiais que tinham passado o dia trabalhando no policiamento do complexo da Maré.
Os policiais do Bope permaneceram na Maré. Por volta das 22h30, 300 policiais civis e militares ocupavam a área. Às 23h, moradores começaram a atear fogo em pneus na Linha Amarela, via próxima ao local do atentado.

Policiamento na favela
Um dos projetos do governo estadual é inaugurar um batalhão da PM dentro do complexo da Maré. O prédio fica ao lado da Linha Vermelha, via expressa que liga o Rio à Baixada Fluminense.
Apesar de o prédio estar semipronto, a inauguração ainda não foi marcada. O Estado credita o atraso a problemas urbanísticos.
Nas 15 favelas que formam o complexo da Maré, moram 113.807 pessoas. Três delas são dominadas pela facção CV (Comando Vermelho), inimiga do TC. As outras 12 são redutos de quadrilhas do TC.


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