São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 2011

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Famílias esperam há 10 dias por resgate de soterrados em pedreira

Dois operários estão sob 500 mil toneladas de rocha que deslizaram na área continental de Santos

Além dos trabalhos da indústria, local passa, desde janeiro, pela temporada mais chuvosa em 20 anos

FERNANDO GALLO
DE SANTOS

Eram 6h de 12 de abril quando cerca de 500 mil toneladas de rocha vieram abaixo e soterraram Jucelino Mendonça de Souza, 45, e Walter Santana Holtz, 49.
O volume rochoso que caiu de uma altura de 125 metros sobre os dois operários, funcionários da pedreira Santa Tereza, na área continental de Santos (SP), seria suficiente para encher 25 mil caminhões grandes.
Até agora as causas do acidente não foram definidas. Sabe-se, porém, que foi uma mistura de ação natural e humana: além dos trabalhos industriais, que alteram a estrutura da pedreira, a região teve desde janeiro a temporada mais chuvosa em 20 anos.
Desde que as buscas começaram, as equipes de resgate se desdobram para remover a montanha de pedras que separam Jucelino e Walter do mundo exterior. Até agora, não conseguiram perceber nenhum sinal vital.
Edna Mendonça, mulher de Jucelino, tenta lidar com os únicos dois cenários possíveis. Se for o pior deles, vai a Tangará da Serra (MT), onde o marido sempre manifestou o desejo de ser velado. Se for o melhor, promete dar uma grande festa.
"Estou me preparando para a morte e para a vida."
Familiares acompanham os trabalhos de resgate, que começam às 7h e terminam apenas perto do escurecer.
Santaninha, filho mais velho de Walter e também funcionário da Santa Tereza, trabalhava com o pai na parte de baixo da pedreira naquela manhã. Sobreviveu porque tinha ido tomar um café.
Foi a partir do depoimento de outros funcionários que as equipes começaram a determinar o ponto em que a dupla estaria soterrada. Um magnetômetro, equipamento que detecta metais, indicou onde estariam o caminhão e a pá-escavadeira em que os homens trabalhavam.
Cães farejadores também vasculham a área.
As equipes de resgate se alternam entre o recolhimento das pedras pequenas e médias por escavadeiras e caminhões e a dinamitação das rochas maiores, que não podem ser retiradas e carregadas. Até agora, a Defesa Civil já explodiu oito rochas gigantes.
Apesar de saberem que as chances de resgatar Jucelino e Walter com vida se reduzem com o passar dos dias, os envolvidos trabalham com afinco. "Tenho 28 anos de Polícia Militar. Aprendi que sempre há um fio de esperança. Deus sempre nos surpreende", diz o major Wagner Silvério, dos bombeiros.


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