São Paulo, Quinta-feira, 22 de Abril de 1999
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HABITAÇÃO
Cerca de 900 sem-teto estão ocupando prédio do extinto Centro de Triagem e Encaminhamento, no Brás
Vendedora mora em frigorífico há 1 mês

da Reportagem Local

A vendedora da Casas Pernambucanas Gegê (ela prefere não revelar seu sobrenome), 32, mora há um mês dentro de um frigorífico desativado do antigo prédio do Cetren (Centro de Triagem e Encaminhamento) no Brás, região central de São Paulo.
O prédio está ocupado por cerca de 900 integrantes do Movimento dos Sem-Teto.
Gegê foi morar no frigorífico depois que o prédio que ocupava com outros integrantes do movimento, na rua Riachuelo (centro), foi desocupado. "Vim para cá porque é melhor do que morar embaixo de viaduto", diz.
A vendedora faz parte do movimento desde 97. Antes disso, morava em um quarto alugado e pagava R$ 250 de aluguel. "Não dava para pagar tudo isso, eu sempre trabalhei, mas ganho R$ 260 por mês." A família dela mora em Marília, no interior do Estado.
Ela transformou o frigorífico que ocupa em "apartamento". A vendedora levou para lá todas as suas coisas: televisão, cama, ventilador, fogão e uma estante cheia de cosmético e perfumes.
Gegê reclama do calor que faz em seu "quarto" -o frigorífico não tem nenhuma janela- e do cheiro que vem de um ralo de esgoto que fica perto da sua cama. "Mas está bom. É melhor do que o quarto de pensão onde eu morava."
Segundo Hamilton Silvio dos Santos, líder do movimento, 130 famílias moram no prédio há um mês. Outras 448 mudaram para lá no domingo. Apenas uma parte do prédio está liberada pelo Estado para a ocupação.
Por isso, muitas famílias estão morando em barracas montadas no pátio do prédio. De acordo com Hamilton, "o objetivo do movimento é pressionar o governo para que todo o prédio possa ser ocupado pelas famílias."


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