São Paulo, Quinta-feira, 22 de Abril de 1999
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SAÚDE
Ministério transfere gestão de verbas para atendimento básico em 36 municípios de SP para as mãos do Estado
Prefeitura de SP perde recursos do PAB

DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília

A Prefeitura de São Paulo deixou de receber em 98 R$ 50,5 milhões do governo federal para custear ações de saúde básica porque não possuía os requisitos necessários para aderir ao PAB (Piso de Assistência Básica) -como montar Conselho Municipal de Saúde e assumir postos de saúde estaduais.
Para evitar que a cidade continuasse perdendo recursos, o ministro José Serra (Saúde) assinou portaria transferindo para o Estado a tarefa de gerir o sistema de saúde básica do município.
A medida é considerada "excepcional" e só será anulada quando a prefeitura atender aos requisitos necessários para aderir ao PAB.
A possibilidade de o governo estadual receber temporariamente recursos federais que deveriam ser passados aos municípios existe desde janeiro de 96, quando foi aprovada a NOB (Norma Operacional Básica) -conjunto de regras que regulamentou o funcionamento do SUS.
A portaria do Ministério da Saúde que repassou recursos do PAB ao governo de São Paulo também é sustentada por decisão da Comissão Intergestora Tripartite, que reúne representantes dos governos estaduais, municipais e da União.
Em outubro de 98, a comissão determinou que os governos estaduais poderiam assumir a administração dos recursos federais para a assistência básica nos municípios que ainda não houvessem aderido ao PAB.

Gestão
Além da capital, a gestão dos sistemas de saúde básica de outros 35 municípios paulistas não-cadastrados ao PAB também foi transferida ao Estado.
Segundo o Ministério da Saúde, a partir deste mês, o município de São Paulo passará a receber R$ 4,2 milhões mensais a mais do governo federal para ações de saúde básica. Até o fim do ano, a injeção extra de recursos deve chegar a R$ 37,8 milhões.
Com a intervenção, cada habitante de São Paulo terá disponível duas vezes mais recursos para saúde básica do que no ano passado.
O piso per capita -que era de R$ 4,85- passará a R$ 10,00, valor que é recebido hoje pelos 5.135 municípios que já aderiram ao PAB.
Durante a intervenção, o pagamento dos hospitais do SUS pelo atendimento básico (como consultas médicas e odontológicas, vacinação e acompanhamento de gestantes) ficará a cargo do Estado.
Ele também será responsável pelo desenvolvimento de ações preventivas, como a implantação de equipes de Saúde da Família.
Essas equipes contam com um médico, um enfermeiro, dois auxiliares de enfermagem e até seis agentes comunitários de saúde.
Eles fazem visitas domiciliares às famílias de uma determinada região, acompanhando o desenvolvimento de crianças, gestantes, ensinando cuidados de higiene e examinando regularmente cada um dos membros da família.
Segundo a assessoria da Secretaria Estadual da Saúde, uma das primeiras iniciativas será justamente expandir o programa Qualis (nome dado ao Saúde da Família no Estado) para toda a cidade -hoje restrito às zonas leste e norte.

Prejuízo
Em todo o país, 371 municípios ainda não haviam aderido ao PAB. Deles, a única capital é São Paulo.
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Barjas Negri, afirmou que o governo deverá repassar aos Estados a gestão do sistema de saúde básica de todos os municípios que não tiverem aderido ao PAB até o fim do ano.
Até agora, além de São Paulo, a medida só foi tomada na Bahia, onde aproximadamente 30 municípios ainda não haviam aderido ao PAB.
Segundo Negri, a decisão de habilitar os Estados para gerir os recursos do PAB nos municípios que ainda não haviam se cadastrado não é uma punição às prefeituras.
"Nosso objetivo é melhorar a qualidade do atendimento prestado à população. Na hora que o município cumprir os requisitos para aderir ao PAB, ele voltará a ter autonomia", disse Barjas.


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