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SAÚDE
Ministério transfere gestão de verbas para atendimento básico em 36 municípios de SP para as mãos do Estado
Prefeitura de SP perde recursos do PAB
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
A Prefeitura de São Paulo deixou
de receber em 98 R$ 50,5 milhões
do governo federal para custear
ações de saúde básica porque não
possuía os requisitos necessários
para aderir ao PAB (Piso de Assistência Básica) -como montar
Conselho Municipal de Saúde e assumir postos de saúde estaduais.
Para evitar que a cidade continuasse perdendo recursos, o ministro José Serra (Saúde) assinou
portaria transferindo para o Estado a tarefa de gerir o sistema de
saúde básica do município.
A medida é considerada "excepcional" e só será anulada quando a
prefeitura atender aos requisitos
necessários para aderir ao PAB.
A possibilidade de o governo estadual receber temporariamente
recursos federais que deveriam ser
passados aos municípios existe
desde janeiro de 96, quando foi
aprovada a NOB (Norma Operacional Básica) -conjunto de regras que regulamentou o funcionamento do SUS.
A portaria do Ministério da Saúde que repassou recursos do PAB
ao governo de São Paulo também é
sustentada por decisão da Comissão Intergestora Tripartite, que
reúne representantes dos governos estaduais, municipais e da
União.
Em outubro de 98, a comissão
determinou que os governos estaduais poderiam assumir a administração dos recursos federais para a assistência básica nos municípios que ainda não houvessem
aderido ao PAB.
Gestão
Além da capital, a gestão dos sistemas de saúde básica de outros 35
municípios paulistas não-cadastrados ao PAB também foi transferida ao Estado.
Segundo o Ministério da Saúde, a
partir deste mês, o município de
São Paulo passará a receber R$ 4,2
milhões mensais a mais do governo federal para ações de saúde básica. Até o fim do ano, a injeção extra de recursos deve chegar a R$
37,8 milhões.
Com a intervenção, cada habitante de São Paulo terá disponível
duas vezes mais recursos para saúde básica do que no ano passado.
O piso per capita -que era de R$
4,85- passará a R$ 10,00, valor
que é recebido hoje pelos 5.135
municípios que já aderiram ao
PAB.
Durante a intervenção, o pagamento dos hospitais do SUS pelo
atendimento básico (como consultas médicas e odontológicas, vacinação e acompanhamento de gestantes) ficará a cargo do Estado.
Ele também será responsável pelo desenvolvimento de ações preventivas, como a implantação de
equipes de Saúde da Família.
Essas equipes contam com um
médico, um enfermeiro, dois auxiliares de enfermagem e até seis
agentes comunitários de saúde.
Eles fazem visitas domiciliares às
famílias de uma determinada região, acompanhando o desenvolvimento de crianças, gestantes, ensinando cuidados de higiene e examinando regularmente cada um
dos membros da família.
Segundo a assessoria da Secretaria Estadual da Saúde, uma das primeiras iniciativas será justamente
expandir o programa Qualis (nome dado ao Saúde da Família no
Estado) para toda a cidade -hoje
restrito às zonas leste e norte.
Prejuízo
Em todo o país, 371 municípios
ainda não haviam aderido ao PAB.
Deles, a única capital é São Paulo.
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Barjas Negri, afirmou que o governo deverá repassar aos Estados a gestão do sistema
de saúde básica de todos os municípios que não tiverem aderido ao
PAB até o fim do ano.
Até agora, além de São Paulo, a
medida só foi tomada na Bahia,
onde aproximadamente 30 municípios ainda não haviam aderido
ao PAB.
Segundo Negri, a decisão de habilitar os Estados para gerir os recursos do PAB nos municípios que
ainda não haviam se cadastrado
não é uma punição às prefeituras.
"Nosso objetivo é melhorar a
qualidade do atendimento prestado à população. Na hora que o município cumprir os requisitos para
aderir ao PAB, ele voltará a ter autonomia", disse Barjas.
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