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TRANSPORTE
Prefeitura deixará de reter das viações de ônibus R$ 0,02 da tarifa; motoristas suspendem paralisação temporariamente
Marta cede a empresários para conter greve
PALOMA COTES
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para evitar a greve de ônibus
marcada para hoje em São Paulo,
a prefeita Marta Suplicy cedeu na
negociação com os empresários e
decidiu abrir mão de uma verba
mensal de R$ 1,9 milhão que era
retida das viações. O valor equivale a R$ 22,8 milhões anuais -56%
do montante pago em 2001 em
subsídios às empresas.
O dinheiro será usado pelos empresários para cobrir parcialmente os gastos de motoristas e cobradores com um convênio médico.
O Transurb (sindicato das viações) diz que vai pagar R$ 50
mensais -na avaliação dos trabalhadores, esse valor equivale a
50% do que eles gastam hoje com
esse benefício.
A SPTrans (órgão responsável
pelo transporte coletivo) tinha a
receita de R$ 1,9 milhão por mês
desde janeiro passado, quando
começaram a vigorar os contratos
emergenciais com oito consórcios
na capital paulista.
Sob a denominação de "taxa de
gerenciamento do sistema", ela
corresponde a R$ 0,02 para cada
passageiro, que paga uma tarifa
de R$ 1,40. A taxa servia para fazer
consertos em pontos de ônibus e
terminais, por exemplo.
O R$ 1,9 milhão que a prefeitura
deixará de receber representa
76% dos gastos que as viações terão para bancar os convênios médicos dos 50 mil condutores.
O secretário dos Transportes,
Carlos Zarattini, afirmou que esse
"é um dinheiro de que podemos [a
prefeitura" abrir mão sem causar
prejuízo significativo ao sistema".
Ele negou que essa verba signifique um subsídio. Marta havia
prometido não dar mais subvenções ao setor desde maio de 2001.
"Esse recurso é obtido da própria passagem. É perfeitamente
possível abrir mão dele. Não é
subsídio. Seria se estivéssemos
aportando recursos do tesouro
municipal, o que não vai acontecer", afirmou Zarattini.
As negociações entre prefeitura
e sindicatos se intensificaram somente ontem. De manhã, Marta
recebeu representantes do sindicato dos motoristas. No final da
tarde, foi a vez dos empresários.
Reajuste
Além do plano de saúde, as viações ofereceram aos motoristas
um reajuste de 2%. A categoria
pedia 9,26% de elevação salarial e
5% de aumento real, mas decidiu
suspender temporariamente a
greve na expectativa do julgamento do dissídio, hoje, pelo TRT
(Tribunal Regional do Trabalho).
"Outros setores estão conseguindo perto de 6%. Dá para conseguir até mais isso", afirmou Edivaldo Santiago, presidente do sindicato. Os condutores marcaram
uma nova assembléia hoje à tarde.
Se não houver acordo no TRT,
podem fazer greve amanhã.
O presidente do Transurb, Sérgio Pavani, disse que a proposta
de aumento foi dada "mesmo
sem os empresários terem esse dinheiro" e vai representar um gasto mensal superior a R$ 2,8 milhões. Eles alegam já ter um déficit
mensal de R$ 14 milhões.
Pavani diz que as empresas precisam transportar 115 milhões de
passageiros por mês "para sair do
prejuízo". Atualmente, a média é
em torno de 94 milhões.
Ele fez questão de dizer que os
empresários só apresentaram os
"reajustes" ontem após a prefeitura ceder a "taxa de gerenciamento
do sistema", reivindicação que já
dura quase quatro meses. Até então, eles não haviam apresentado
nenhuma proposta. "A prefeitura
ofereceu esse "acordo do convênio
médico" desde que não houvesse
greve. Ela concedeu os R$ 0,02 para que nós concedêssemos um
plano de saúde para os empregados", afirmou Pavani.
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