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FRAUDE NO TRANSPORTE
Documento recusado por procuradores do instituto era semelhante ao que foi entregue à Prefeitura de SP
Viação de ônibus ofereceu carta falsa ao INSS
FABIO SCHIVARTCHE
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Auto Viação Taboão, ligada
ao maior empresário de ônibus de
São Paulo, José Ruas Vaz, usou
papéis falsos para oferecer ao
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) no final de 2004 uma
carta de fiança em nome do BNA
(Banco de La Nación Argentina).
A documentação seria uma garantia de pagamento das dívidas
previdenciárias da empresa, que
ultrapassam R$ 20 milhões, mas
os procuradores do instituto se
recusaram a recebê-la por suspeitar da origem da fiança.
Um mês depois, em dezembro
passado, a Folha revelou que as
viações paulistanas -incluindo
as do grupo Ruas Vaz- tinham
apresentado cartas de fiança falsas à prefeitura, também em nome do BNA, como forma de garantia dos contratos de R$ 12,3 bilhões, firmados em julho de 2003,
do transporte coletivo paulistano.
Os empresários sempre se disseram vítimas -sob a alegação
de que os papéis foram fornecidos
por corretoras contratadas.
As cartas de fiança servem como uma segurança ao poder público de que os contratos terão cobertura financeira no caso de descontinuidade dos serviços.
A tentativa de apresentar a carta
falsa ao INSS é um dos elementos
de análise do Ministério Público
Estadual e da Polícia Civil na investigação que tenta desvendar a
origem e as responsabilidades pelas garantias fraudulentas.
A oferta ao INSS da carta de
fiança em nome do BNA foi formalizada pela Auto Viação Taboão no processo de execução fiscal que tramita na Justiça Federal.
A garantia falsa, entretanto, não
chegou a ser entregue, já que foi
recusada antecipadamente.
Hoje, a viação Taboão não presta mais serviços diretamente à
Prefeitura de São Paulo, mas só
indiretamente -na prática, foi
substituída pela Via Sul, do mesmo grupo Ruas Vaz, como parte
de uma estratégia do setor de criar
empresas novas e deixar as dívidas e pendências com as antigas.
A tentativa de conceder uma
carta de fiança em nome do BNA
ao INSS foi formalizada no dia 10
de novembro de 2004 por um advogado do grupo.
Ela serviria para evitar a retenção de até 30% do faturamento
mensal da Via Sul, determinado
pela Justiça para cobrir as dívidas.
No processo, ele dizia que, conforme a concordância do instituto, a documentação seria formalizada. O papel era acompanhado
de dois anexos: um modelo da garantia a ser feita e uma suposta
carta do BNA, de Buenos Aires,
com elogios ao grupo Ruas Vaz,
demonstrando o compromisso
de conceder-lhe a fiança.
A advogada representante do
banco argentino no Brasil negou
ter havido negociação para a venda de garantias às empresas de
ônibus de São Paulo.
No processo de execução fiscal,
a Taboão é acusada por um procurador federal de ter tentado dar
um "golpe na praça" com a dissolução de sua sociedade e substituição pela Via Sul. Com esse argumento, obteve a autorização judicial para incluir essa última empresa e sócios de Ruas Vaz entre
os responsáveis pelas dívidas.
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