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GUERRA URBANA
Com base em análise dos laudos do IML, conselho quer saber até 4ª se polícia matou pessoas não ligadas ao PCC
Segundo o governo, 109 suspeitos morreram e 85 corpos foram levados aos
IMLs da cidade; 12 ainda não foram identificados
CRM investiga se houve execuções
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Médicos do Conselho Regional de Medicina de São Paulo
querem saber, até quarta-feira,
se inocentes foram mortos pela
polícia na última semana, depois do início da onda de ataques atribuída ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
Eles vão passar o começo
desta semana analisando os
laudos parciais feitos pelo IML
(Instituto Médico Legal) sobre
as mortes de suspeitos em confrontos desde o dia 12.
Ontem, após acompanhar o
trabalho do IML na identificação dos corpos dos suspeitos, o
diretor de fiscalização do conselho, João Ladislau Rosa, descartou a possibilidade de que o
instituto estivesse enterrando
vítimas como indigentes.
"Tínhamos duas preocupações: saber se o Estado tentou
enterrar alguém sem identificação e se a polícia matou inocentes. Por enquanto, já sabemos que a primeira hipótese
não ocorreu", diz Rosa. "O IML
fez necropsias completas e seguiu o procedimento padrão.
As medidas de identificação,
como recolhimento de DNA,
também foram tomadas."
Agora os médicos do conselho irão analisar os laudos parciais para tentar distinguir
quem foi morto pela polícia e
quem morreu em conflitos
considerados rotineiros, como
brigas entre criminosos. "Dos
273 laudos de necropsia feitos
desde o dia 12 [no IML central],
95 apontam vítimas de armas
de fogo. Amanhã [hoje] e depois vamos fazer o cruzamento
da origem desses corpos e identificar o tipo de agressão. Um tiro na cabeça de perto, por
exemplo, não costuma ocorrer
em um tiroteio. Com os dados,
saberemos se houve ou não
morte de inocentes."
Rosa também afirma que a
situação no IML ainda não voltou ao normal. "Há alguns corpos fora de câmaras frigoríficas, mas a situação, no entanto,
é justificável porque foi uma semana fora do normal."
O acompanhamento foi autorizado pela direção do IML,
atendendo a um pedido feito
pela comissão composta pelo
Ministério Público Federal, pela Defensoria Pública do Estado e por entidades de direitos
humanos. O grupo solicitou
que as autópsias fossem acompanhadas por um perito independente e que nenhum corpo
fosse enterrado como indigente antes de esgotadas todas as
tentativas de identificação.
Segundo o último balanço divulgado pelo governo, anteontem, morreram 109 suspeitos
no Estado desde o último dia
12. Desses, 85 foram levados
aos dois IMLs da capital, sendo
que 12 corpos permaneciam
não identificados. Segundo a
Polícia Técnico-Científica, só
um corpo foi enterrado sem
identificação.
No total, desde o início da crise, 172 pessoas morreram, entre as quais 42 policiais e 17 presos rebelados.
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