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Jovem morto de madrugada havia sido ameaçado por policiais, diz mãe
FERNANDA BASSETTE
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Fuga, resistência à prisão,
troca de tiros com policiais e
morte. Essa é a seqüência descrita no boletim de ocorrência
sobre a morte de três jovens,
por volta das 2h10 de ontem,
por PMs. No terreno baldio do
Parque Vitória (zona norte de
São Paulo) onde ocorreram as
mortes, as marcas de sangue no
chão, rentes ao muro, indicam
que os três rapazes estavam
contra a parede.
Nenhum policial foi baleado.
O registro do caso informa que
os mortos tinham duas pistolas, uma espingarda e um revólver e estavam em um Peugeot
roubado. Os PMs, armados
com revólveres, deram 20 tiros.
O governo diz que esse caso
não tem relação com as mortes
de 109 suspeitos de participação na onda de ataques do PCC.
Mas ainda não informou de que
forma essas 109 pessoas teriam
participado dos ataques.
O IML recebeu, junto com os
três jovens, um quarto corpo,
recolhido no mesmo bairro,
mas sem informações das circunstâncias da morte.
Maria Augusta de Jesus Rodrigues, 40, mãe de Vagner Rodrigues Pimentel, 20, um dos
três mortos na ação, disse que
na última terça dois policiais
ameaçaram seu filho. "Disseram que bonzinho nesse mundo era só Deus. Depois falaram
que, se pegassem meu filho pela rua depois da meia-noite,
não seria nada bom para ele."
"Tem um triângulo no coração do meu filho", disse a mãe
de Rodrigo Storolli Mendes, 25,
referindo-se aos três tiros que o
jovem levou na altura do tórax.
Mendes era casado e tinha
um filho de dois anos. A mulher
dele, que assim como a sogra
não quis dar o nome, disse que,
dias antes, ele teria ouvido de
policiais do bairro que iriam
"sentar o dedo" (matar).
Citada no boletim de ocorrência como a vítima que teria
reconhecido Mendes como autor do roubo do carro, no dia 17,
a estudante Carolina Guerra,
22, apresentou duas versões.
Num primeiro contato por telefone, à tarde, disse desconhecer o caso. À noite, ela confirmou que foi ao hospital e viu o
corpo, mas diz não ter certeza
se o acusado participou do roubo do veículo, na zona norte.
O Peugeot pertence à filha de
um médico, Adagmar Andriollo, 57, e, segundo ele próprio,
ontem, ao ser entregue, não tinha marcas de tiro. O médico
não quis dizer quem dirigia o
veículo no dia do roubo.
Colaborou MARCELO GUTIERRES
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