São Paulo, domingo, 22 de maio de 2011

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Praia no Guarujá passa a sofrer com ondas grandes

Moradores do Góes dizem que obra no canal do porto de Santos é a causa

Região chegou a ficar quatro dias "ilhada'; problemas começaram com a dragagem do canal, diz associação

EDUARDO GERAQUE
ENVIADO ESPECIAL AO GUARUJÁ

O mar quebrando na praia do Góes, no Guarujá (na Baixada Santista), deixou de ser tão bonito para os cerca de 250 moradores do local.
Conhecida pelas suas águas calmas, porto seguro de velejadores e canoístas, a pequena orla voltada para a ponta da praia de Santos tem vivido dias turbulentos. Principalmente quando ocorrem dias seguidos de ressaca.
A geografia do local mudou nos últimos tempos. E, agora, ondas de mais de dois metros de altura passaram a vir em direção à terra.
A praia do Góes fica de frente para a entrada do porto de Santos, onde desde o início do ano passado ocorre a dragagem do canal.
A obra é responsável pelas mudanças no local, dizem os moradores. No início do mês, por causa do mar agitado, foram quatro dias de apreensão. Eles ficaram "ilhados". Sem ligação por mar.
A praia não tem nenhum acesso para transportes terrestres. Para ir trabalhar ou estudar existem duas opções: uma trilha beira-mar de uns 20 minutos até a comunidade vizinha, abastecida por ônibus do Guarujá, e uma travessia de barco até Santos.
O percurso é feito via catraias -pequenas embarcações operadas por pilotos particulares, que cobram R$ 2,10 por viagem. Não há controle público sobre a linha.
"As ondas carregaram aquele trailer, atravessaram aquela casa. Quebraram os vidros da pousada", relata Andrea Barbosa, 40, presidente da associação de moradores da região.
"Ficamos por volta de quatro dias sem barco. As crianças perderam a escola", conta a moradora, nascida na praia do Góes.

SOFRIMENTO DUPLO
A trilha por terra também sofreu. Com a batida das ondas contra o costão rochoso, parte do caminho desmoronou, dificultando principalmente a passagem de idosos.
De acordo com Barbosa e outros moradores da praia do Góes entrevistados pela Folha, o estrago da última ressaca é inédito.
"Tivemos outras ressacas. Mas elas estão mais frequentes e mais fortes. Antes, eram algumas horas sem barco. Agora, dias", diz Barbosa.
O fenômeno da invasão do mar, registrado duas ou três vezes no ano, virou quase mensal, indicam os relatos.
Para Barbosa, é direta a relação entre as ondas fortes e as obras de dragagem, que estão afundando o canal de 13 metros para 15 metros segundo os números oficiais.
O mesmo diz Marco Antônio do Nascimento, mais conhecido como "Bigode", que vive há 12 anos na praia.
"Desculpe falar isto para vocês [é o bordão típico do comerciante da praia do Góes], mas estas ondas é culpa da dragagem", diz.
"Antes, não havia isto", completa Nascimento.
Com o lugar ficando perigoso para a parada dos barcos, outros visitantes, jamais vistos por ali, passaram a chegar à praia. O local tem virado ponto de surfistas, que buscam o mar agitado.
Imagens da última ressaca ganharam o mundo, via internet. Diversos vídeos circulam em sites mostrando as altas ondas da região.
"Não queremos ser conhecidos assim. Prefiro o anonimato", afirma Barbosa.


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