São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2001

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MASSACRE DO CARANDIRU

Ex-governador diz que teria dado ordem para a PM invadir, "mesmo sabendo das consequências"

Para Fleury, ação de Ubiratan foi correta

GUTO GONÇALVES
DA FOLHA ONLINE

O ex-governador e deputado federal Fleury Filho (PTB) disse que teria dado a ordem em 92 para a Polícia Militar entrar no Carandiru para acabar com a rebelião de presos assim como teria ordenado hoje, "mesmo sabendo das consequências".
"O coronel Ubiratan Guimarães recebeu um ordem legítima e agiu corretamente. Se estivesse no meu gabinete na época, teria autorizado e autorizaria hoje, mesmo sabendo das consequências", afirmou. Para ele, a absolvição do coronel é uma questão de justiça.
Em 2 de outubro de 1992, o então governador Luiz Antônio Fleury Filho estava viajando pelo interior, em Sorocaba (100 km de SP). Ele alega que, na época, não havia celular e diz que soube apenas "superficialmente" sobre o ocorrido no final da tarde da sexta-feira do massacre.
Ubiratan está sendo julgado pela morte de 111 presos e tentativa de homicídio de outras cinco pessoas no massacre do Carandiru.
O ex-governador está acompanhando o julgamento, mas deve fazer comentários sobre o dia do massacre apenas após o resultado final. Diz que não quer influenciar os jurados. Na sua avaliação, as últimas ações do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que atua nos presídios de São Paulo, só beneficiam o réu. "A população não aguenta mais tanta desordem", disse.
Para justificar suas críticas, o deputado disse que "mais de um Carandiru" morre por semana em São Paulo assassinado. "E não são bandidos que morrem, não. São estudantes, donas-de-casa, trabalhadores."

Escolta
Oficiais da Polícia Militar, da ativa e da reserva, estão "escoltando" o coronel Ubiratan Guimarães ao fórum da Barra Funda, em São Paulo.
Não se trata de segurança particular, como eles dizem, "porque o coronel não aceitaria", mas de apoio, segundo um capitão da Polícia Militar.
O coronel, que na época do massacre comandava o policiamento metropolitano, acompanha atentamente a leitura das peças. Dá palpites ao advogado, conforme os trechos são lidos aos jurados, e permanece sério.
Segundo amigos, ele dá como certa sua absolvição, por achar que não há provas para condená-lo. A linha de defesa tem procurado dizer que o confronto com os presos foi inevitável e que o coronel, atingido por uma explosão, teria saído do presídio antes do final da operação.


Colaborou a REPORTAGEM LOCAL


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