São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2001

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Defesa quer levar júri à Detenção

DA REPORTAGEM LOCAL

Vicente Cascione, advogado de defesa do coronel Ubiratan Guimarães, disse esperar que a juíza Maria Cristina Cotrofe atenda o seu pedido para que os jurados visitem à Casa de Detenção.
Ele afirmou que, como subsídio para tomada de uma decisão, é importante que os sete jurados conheçam o "ambiente" onde em outubro de 1992, segundo ele, houve um confronto entre policiais militares e detentos.
No transcorrer do julgamento, de acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça, a juíza vai decidir se autoriza a visita. A Promotoria já adiantou que não tem nada contra o pedido.
Ontem, segundo dia do julgamento do coronel Guimarães, teve início a leitura de peças do processo, que tem cerca de 20 mil páginas. Foram apresentados ao júri depoimentos prestados na época a um inquérito policial militar por Ismael Pedrosa, então diretor da Casa de Detenção, coronel Guimarães, policiais militares, funcionários da prisão e presos.
Nos depoimentos dos policiais que participaram da invasão ao pavilhão 9, há afirmações de que os disparos, inclusive de metralhadora, contra os presos foram uma reação aos tiros de detentos.
Nesses depoimentos aparecem com frequência relatos de que, por causa da fumaça do fogo que havia no local, a visibilidade não era boa. Alguns ressaltam que já existiam corpos antes da invasão.
James Cavallaro, da Justiça Global, entidade não-governamental de defesa dos direitos humanos, disse que esses depoimentos contêm "mentiras". Para ele, não houve uma reação dos policiais, mas uma intenção de matar.
O julgamento -um dos mais longos do país- deverá durar cerca 20 dias. Ontem, a juíza Maria Cristina Cotrofe suspendeu a sessão dez minutos antes do previsto após a jurada Sandra Cristina Ferreira da Silva passar mal. Segundo Maria Cristina, a jurada estava cansada.
Haverá sessões no fim de semana. A Promotoria conta com a possibilidade de as 14 testemunhas começarem a ser ouvidas no domingo ou na segunda.
Cavalcanti disse que, a partir do primeiro depoimento, todas as testemunhas serão recolhidas para um lugar isolado.
Poucas pessoas compareceram à sessão de ontem, diferentemente do que ocorreu na quarta-feira em frente ao prédio do 2º Fórum Criminal da Barra Funda.


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