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Defesa quer levar júri à Detenção
DA REPORTAGEM LOCAL
Vicente Cascione, advogado de
defesa do coronel Ubiratan Guimarães, disse esperar que a juíza
Maria Cristina Cotrofe atenda o
seu pedido para que os jurados visitem à Casa de Detenção.
Ele afirmou que, como subsídio
para tomada de uma decisão, é
importante que os sete jurados
conheçam o "ambiente" onde em
outubro de 1992, segundo ele,
houve um confronto entre policiais militares e detentos.
No transcorrer do julgamento,
de acordo com a assessoria do
Tribunal de Justiça, a juíza vai decidir se autoriza a visita. A Promotoria já adiantou que não tem
nada contra o pedido.
Ontem, segundo dia do julgamento do coronel Guimarães, teve início a leitura de peças do processo, que tem cerca de 20 mil páginas. Foram apresentados ao júri
depoimentos prestados na época
a um inquérito policial militar por
Ismael Pedrosa, então diretor da
Casa de Detenção, coronel Guimarães, policiais militares, funcionários da prisão e presos.
Nos depoimentos dos policiais
que participaram da invasão ao
pavilhão 9, há afirmações de que
os disparos, inclusive de metralhadora, contra os presos foram
uma reação aos tiros de detentos.
Nesses depoimentos aparecem
com frequência relatos de que,
por causa da fumaça do fogo que
havia no local, a visibilidade não
era boa. Alguns ressaltam que já
existiam corpos antes da invasão.
James Cavallaro, da Justiça Global, entidade não-governamental
de defesa dos direitos humanos,
disse que esses depoimentos contêm "mentiras". Para ele, não
houve uma reação dos policiais,
mas uma intenção de matar.
O julgamento -um dos mais
longos do país- deverá durar
cerca 20 dias. Ontem, a juíza Maria Cristina Cotrofe suspendeu a
sessão dez minutos antes do previsto após a jurada Sandra Cristina Ferreira da Silva passar mal.
Segundo Maria Cristina, a jurada
estava cansada.
Haverá sessões no fim de semana. A Promotoria conta com a
possibilidade de as 14 testemunhas começarem a ser ouvidas no
domingo ou na segunda.
Cavalcanti disse que, a partir do
primeiro depoimento, todas as
testemunhas serão recolhidas para um lugar isolado.
Poucas pessoas compareceram
à sessão de ontem, diferentemente do que ocorreu na quarta-feira
em frente ao prédio do 2º Fórum
Criminal da Barra Funda.
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