São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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RODOANEL

Motivo é a não liberação de verba pelo governo federal; conclusão, que era prevista para julho, deve ficar para setembro

Ritmo da obra cai, e entrega vai atrasar

ALENCAR IZIDORO
SÍLVIA CORRÊA

DA REPORTAGEM LOCAL

O ritmo das obras do Rodoanel despencou. A maior obra rodoviária em construção no país, menina-dos-olhos do tucanato paulista, teve de cortar nas últimas semanas metade dos funcionários e reduzir os turnos de trabalho de três para um. Motivo: falta de verba. O dinheiro não foi liberado pelos tucanos do governo federal.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, já nem poderá mais inaugurar os 32 km do trecho oeste porque a entrega da obra completa vai atrasar. Na visão mais otimista dos técnicos da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S. A.), eles só estarão totalmente prontos em setembro -e não mais no mês que vem.
Alckmin, que tentará a reeleição, ficará de fora da festa porque a lei eleitoral proíbe a participação dos candidatos a cargos executivos em inaugurações de obras públicas depois do dia 6 de julho.
O governo Fernando Henrique Cardoso reservou R$ 83,7 milhões no Orçamento de 2002 para a obra do Rodoanel e prometeu liberá-los ainda no primeiro semestre, mas só desembolsou R$ 11 milhões do montante, apesar de ela ser uma das 55 obras de transporte do Avança Brasil -Plano Plurianual de FHC.
O Ministério dos Transportes atribui esse atraso ao bloqueio de gastos feito por causa do atraso na aprovação da prorrogação da CPMF e acena com um caminhão de promessas. Primeiro, diz que vai conseguir a liberação de R$ 20 milhões "nas próximas semanas".
Depois, diz que fará pressão para aumentar a limitação orçamentária da obra dos R$ 74 milhões fixados pela equipe econômica para os R$ 83,7 previstos no Orçamento de 2002. Promete ainda lutar pela aprovação no Congresso Nacional de uma suplementação de R$ 80 milhões prevista em um projeto de lei.
O trecho oeste do Rodoanel vai interligar cinco rodovias -Régis Bittencourt, Raposo Tavares, Castelo Branco, Anhanguera e Bandeirantes-, que absorvem 58% do total de veículos que entram em São Paulo, significando 250 mil por dia, sendo 54 mil caminhões.
Dos 32 km, 14 km já foram abertos ao tráfego -a ligação do sistema Anhanguera-Bandeirantes com a av. Raimundo Pereira de Magalhães e a ligação Régis-Raposo, que, juntas, são usadas por mais de 45 mil veículos por dia.
Desde que a construção do Rodoanel começou, em 1999, a obra já consumiu R$ 1,02 bilhão. Desse montante, só 24% saíram dos cofres da União -que, após a desistência de participação da Prefeitura de São Paulo, ficou de bancar 33,33% do custo total.
Para atingir essa meta, FHC -que participou em abril da entrega da ligação Régis-Raposo- disse que lutaria para garantir a suplementação de R$ 80 milhões.
O projeto ainda está no Congresso -onde há maioria do governo. O dinheiro, porém, se sair, só chegará a São Paulo depois que os 32 km estiverem concluídos.
A falta da verba fez a Dersa reduzir os funcionários e os turnos no final de maio porque praticamente todos os recursos reservados pelo Estado para 2002 já foram usados -R$ 187 milhões.
O presidente do órgão, Sérgio Luiz Pereira, considera "pouco provável" a obra ser inaugurada depois das eleições. O engenheiro Pedro da Silva, que é responsável por três lotes do Rodoanel, diz que, no ritmo atual, ela não acabaria antes de dezembro, mas que a expectativa é voltar à situação anterior de trabalho assim que os recursos federais forem liberados.
Segundo ele, a quantidade de trabalhadores dos lotes um e dois, na ligação Raposo-Castelo, caiu de 800 para 400 nas últimas três semanas. A obra, que não parava, agora é tocada das 7h às 17h.
No começo deste mês, cerca de 92% da construção do trecho oeste do Rodoanel estava pronta. Na mesma época, a segunda pista da Imigrantes, que está sendo feita pela concessionária Ecovias e que só será entregue em dezembro, já beirava 95% de conclusão.



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