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RODOANEL
Motivo é a não liberação de verba pelo governo federal; conclusão, que era prevista para julho, deve ficar para setembro
Ritmo da obra cai, e entrega vai atrasar
ALENCAR IZIDORO
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ritmo das obras do Rodoanel despencou. A maior obra rodoviária em construção no país, menina-dos-olhos do tucanato paulista, teve de cortar nas últimas semanas metade dos funcionários e
reduzir os turnos de trabalho de
três para um. Motivo: falta de verba. O dinheiro não foi liberado
pelos tucanos do governo federal.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, já nem poderá
mais inaugurar os 32 km do trecho oeste porque a entrega da
obra completa vai atrasar. Na visão mais otimista dos técnicos da
Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S. A.), eles só estarão totalmente prontos em setembro -e
não mais no mês que vem.
Alckmin, que tentará a reeleição, ficará de fora da festa porque
a lei eleitoral proíbe a participação
dos candidatos a cargos executivos em inaugurações de obras públicas depois do dia 6 de julho.
O governo Fernando Henrique
Cardoso reservou R$ 83,7 milhões
no Orçamento de 2002 para a
obra do Rodoanel e prometeu liberá-los ainda no primeiro semestre, mas só desembolsou R$
11 milhões do montante, apesar
de ela ser uma das 55 obras de
transporte do Avança Brasil
-Plano Plurianual de FHC.
O Ministério dos Transportes
atribui esse atraso ao bloqueio de
gastos feito por causa do atraso na
aprovação da prorrogação da
CPMF e acena com um caminhão
de promessas. Primeiro, diz que
vai conseguir a liberação de R$ 20
milhões "nas próximas semanas".
Depois, diz que fará pressão para aumentar a limitação orçamentária da obra dos R$ 74 milhões fixados pela equipe econômica para os R$ 83,7 previstos no
Orçamento de 2002. Promete ainda lutar pela aprovação no Congresso Nacional de uma suplementação de R$ 80 milhões prevista em um projeto de lei.
O trecho oeste do Rodoanel vai
interligar cinco rodovias -Régis
Bittencourt, Raposo Tavares, Castelo Branco, Anhanguera e Bandeirantes-, que absorvem 58%
do total de veículos que entram
em São Paulo, significando 250
mil por dia, sendo 54 mil caminhões.
Dos 32 km, 14 km já foram abertos ao tráfego -a ligação do sistema Anhanguera-Bandeirantes
com a av. Raimundo Pereira de
Magalhães e a ligação Régis-Raposo, que, juntas, são usadas por
mais de 45 mil veículos por dia.
Desde que a construção do Rodoanel começou, em 1999, a obra
já consumiu R$ 1,02 bilhão. Desse
montante, só 24% saíram dos cofres da União -que, após a desistência de participação da Prefeitura de São Paulo, ficou de bancar
33,33% do custo total.
Para atingir essa meta, FHC
-que participou em abril da entrega da ligação Régis-Raposo-
disse que lutaria para garantir a
suplementação de R$ 80 milhões.
O projeto ainda está no Congresso -onde há maioria do governo. O dinheiro, porém, se sair,
só chegará a São Paulo depois que
os 32 km estiverem concluídos.
A falta da verba fez a Dersa reduzir os funcionários e os turnos
no final de maio porque praticamente todos os recursos reservados pelo Estado para 2002 já foram usados -R$ 187 milhões.
O presidente do órgão, Sérgio
Luiz Pereira, considera "pouco
provável" a obra ser inaugurada
depois das eleições. O engenheiro
Pedro da Silva, que é responsável
por três lotes do Rodoanel, diz
que, no ritmo atual, ela não acabaria antes de dezembro, mas que a
expectativa é voltar à situação anterior de trabalho assim que os recursos federais forem liberados.
Segundo ele, a quantidade de
trabalhadores dos lotes um e dois,
na ligação Raposo-Castelo, caiu
de 800 para 400 nas últimas três
semanas. A obra, que não parava,
agora é tocada das 7h às 17h.
No começo deste mês, cerca de
92% da construção do trecho oeste do Rodoanel estava pronta. Na
mesma época, a segunda pista da
Imigrantes, que está sendo feita
pela concessionária Ecovias e que
só será entregue em dezembro, já
beirava 95% de conclusão.
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