UOL


São Paulo, domingo, 22 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FLAGRANTE

Carceragem da Polinter também tinha escritório clandestino de advocacia, frigobar e telefone; Garotinho exonera delegado

Polícia acha até internet em prisão do Rio

MARIO HUGO MONKEN
FABIANA CIMIERI

DA SUCURSAL DO RIO

Uma vistoria feita de surpresa pela Corregedoria da Polícia Civil na manhã de ontem na carceragem Ponto Zero da Polinter (Polícia Interestadual), em Benfica (zona norte do Rio), apreendeu 24 celulares e descobriu um escritório de advocacia clandestino dentro da prisão. No local, estão presos 35 policiais e 45 detentos com diploma universitário.
Dos 24 celulares, cinco estavam com fiscais acusados de terem contas ilegais na Suíça que somam US$ 33,4 milhões. Os policiais descobriram ainda que dois outros presos mantinham suítes privativas na carceragem, com internet, telefone fixo, aparelho de fax, ar-condicionado e frigobar.
À noite, o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, Anthony Garotinho, anunciou a exoneração do delegado Fernando Villapouca do cargo de diretor da Polinter.
A ação foi deflagrada após uma denúncia anônima enviada à Corregedoria no último dia 18. Nela, um preso informou que os presos estavam pagando propinas aos policiais para terem mordomias.
Cada preso pagaria semanalmente R$ 500 para receber garantias de que, quando fossem condenados, não seriam transferidos.
O dinheiro seria entregue pelos presos a três faxineiros, que o repassavam aos policiais.

Suítes
Segundo o corregedor Jorge Abreu, o bicheiro Fernando Ignácio de Miranda e o advogado Wadson Camel tinham suítes privativas duplex na prisão, de 15 metros quadrados cada uma.
Na cela de Camel, foram achados dois microcomputadores, uma impressora, um aparelho de fax e fichas de inscrição de um suposto escritório de advocacia que ele teria montado na prisão. Segundo a denúncia, Camel pagaria R$ 15 mil por mês para manter o escritório.
Com Miranda, os policiais acharam R$ 10 mil e três celulares. Segundo os policiais, a cela estava decorada com espelhos, banheiro com box e aparelho de ar-condicionado. Também havia um frigobar com cervejas.
Abreu disse que abrirá inquérito policial e sindicância para apurar as irregularidades e classificou o fato como uma "imoralidade".


Texto Anterior: Saúde: Obra do Instituto da Mulher recomeça em 2004
Próximo Texto: UNE: Nova liderança estudantil será eleita hoje
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.