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UNE
Nova liderança estudantil será eleita hoje
SEBASTIÃO MONTALVÃO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA
Quase 35 anos depois de a polícia prender mais de 800 estudantes num congresso clandestino da
UNE (União Nacional dos Estudantes) num sítio no interior de
São Paulo, o filho de um desses
presos pode ser eleito hoje presidente da entidade.
O aluno de jornalismo Gustavo
Petta, 22, ligado ao PC do B
-partido que comanda a entidade desde o início dos anos 90-, é
tido como favorito para vencer a
eleição, marcada para as 11h, no
encerramento do 48º Congresso
Nacional da UNE, iniciado em
Goiânia na última quarta-feira.
Petta é o atual presidente da
UEE (União Estadual dos Estudantes) de São Paulo e estuda na
PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas.
Em 1968, seu pai, Augusto César
Petta, também tinha 22 anos e estudava na PUC-Campinas -era
aluno de ciências sociais e presidente do DCE (Diretório Central
dos Estudantes). Foi preso no dia
12 de outubro no 30º Congresso
da UNE, realizado em Ibiúna, no
qual o hoje ministro José Dirceu
(Casa Civil) seria eleito presidente
da entidade. O episódio é emblemático da repressão imposta pelo
regime militar (1964-85).
"O movimento estudantil é importante para lutar pelo direito a
uma educação com qualidade para todos. Mas atualmente é preciso que haja espaço também por
uma sinalização a uma sociedade
mais justa e democrática", disse
Augusto César Petta, 56.
Para Gustavo Petta, o momento
político atual favorece uma participação efetiva da entidade no
processo de transformação do
país. "Com o governo atual, o diálogo foi restabelecido e não há dúvidas de que a UNE pode ter um
papel ainda mais representativo
na reconstrução do estado nacional." Ele, porém, faz questão de
ressaltar que o papel da entidade
não é apoiar governos. "O papel
da UNE é cobrar e pressionar."
Três nomes da oposição surgiram até sexta-feira, quando as
chapas ainda estavam sendo formadas. Rafael Pops, 22, do curso
de ciência política da Universidade de Brasília, é da ala radical do
PT e defende o que chama de "retomada" da UNE. Outra candidata é Louise Caroline, 20, do curso
de direito da Universidade Federal de Pernambuco. Henrique Rato Resende, do curso de direito do
Mackenzie e diretor da UEE de
São Paulo, é ligado ao PPS.
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