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São Paulo, domingo, 22 de junho de 2003

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UNE

Nova liderança estudantil será eleita hoje

SEBASTIÃO MONTALVÃO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

Quase 35 anos depois de a polícia prender mais de 800 estudantes num congresso clandestino da UNE (União Nacional dos Estudantes) num sítio no interior de São Paulo, o filho de um desses presos pode ser eleito hoje presidente da entidade.
O aluno de jornalismo Gustavo Petta, 22, ligado ao PC do B -partido que comanda a entidade desde o início dos anos 90-, é tido como favorito para vencer a eleição, marcada para as 11h, no encerramento do 48º Congresso Nacional da UNE, iniciado em Goiânia na última quarta-feira.
Petta é o atual presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes) de São Paulo e estuda na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas.
Em 1968, seu pai, Augusto César Petta, também tinha 22 anos e estudava na PUC-Campinas -era aluno de ciências sociais e presidente do DCE (Diretório Central dos Estudantes). Foi preso no dia 12 de outubro no 30º Congresso da UNE, realizado em Ibiúna, no qual o hoje ministro José Dirceu (Casa Civil) seria eleito presidente da entidade. O episódio é emblemático da repressão imposta pelo regime militar (1964-85).
"O movimento estudantil é importante para lutar pelo direito a uma educação com qualidade para todos. Mas atualmente é preciso que haja espaço também por uma sinalização a uma sociedade mais justa e democrática", disse Augusto César Petta, 56.
Para Gustavo Petta, o momento político atual favorece uma participação efetiva da entidade no processo de transformação do país. "Com o governo atual, o diálogo foi restabelecido e não há dúvidas de que a UNE pode ter um papel ainda mais representativo na reconstrução do estado nacional." Ele, porém, faz questão de ressaltar que o papel da entidade não é apoiar governos. "O papel da UNE é cobrar e pressionar."
Três nomes da oposição surgiram até sexta-feira, quando as chapas ainda estavam sendo formadas. Rafael Pops, 22, do curso de ciência política da Universidade de Brasília, é da ala radical do PT e defende o que chama de "retomada" da UNE. Outra candidata é Louise Caroline, 20, do curso de direito da Universidade Federal de Pernambuco. Henrique Rato Resende, do curso de direito do Mackenzie e diretor da UEE de São Paulo, é ligado ao PPS.


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