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São Paulo, domingo, 22 de junho de 2003

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Meio e gens influem na inteligência

DA REPORTAGEM LOCAL

O neuropsicólogo Daniel Fuendes, 28, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, afirma que o grau de inteligência das pessoas é determinado por uma associação de fatores poligênicos e multifatoriais. O primeiro é caracterizado por uma combinação de genes. O outro passa por estimulação ambiental.
Para Fuendes, com a ajuda recebida, Edson Mesquita tem tudo para desenvolver ainda mais o seu potencial intelectual. O garoto nunca fez um teste de QI para saber se pode ser enquadrado entre os superdotados.
Estima-se que 5% da população mundial seja de superdotados e que maioria não conseguirá desenvolver esse potencial especialmente pela falta de programas que os identifiquem e apóiem.
"Isso poderia ser feito a um custo muito baixo pela própria rede pública de educação. Essas crianças são esponjas de conhecimento", afirma Fuentes.
Segundo ele, pessoas superdotadas existem em todas as classes sociais e nas mais diferentes culturas. Fuentes é supervisor no Brasil da Mensa, uma sociedade internacional formada por pessoas de alto QI, e conta com cerca de 100 mil integrantes que têm QI de 148 ou mais. No Brasil, são 400 membros.
Alguns integrantes da sociedade pensam em implantar no país um programa que facilite o acesso de crianças superdotadas carentes a escolas que as ajudem a desenvolver o potencial cognitivo.
Segundo o presidente da Mensa no Brasil, o neurocirurgião José Augusto Ribeiro Teixeira, 34, a associação planeja captar recursos para ajuda dessas crianças, a exemplo do que já acontece nos EUA e Canadá.
Enquanto não pode oferecer ajuda material, a Mensa brasileira inicia no próximo semestre um grupo de discussão com pais de crianças superdotadas, que receberão orientação de psicólogos, neuropediatras e pedagogos.
De acordo com Teixeira, há uma expectativa muito grande dos pais sobre o desempenho dos filhos superdotados. "Muitas vezes, eles não se satisfazem apenas com uma bolsa de estudo para o filho. Há carência de comida, transporte, material escolar."
Mas nem sempre a falta de dinheiro é o principal problema. Teixeira diz que há exemplos de pais com uma boa situação financeira que temem que o desenvolvimento do potencial de crianças superdotadas traga mais prejuízos do que benefícios.
Daniel Fuendes diz que a proposta para os alunos superdotados é de um acréscimo acadêmico de, no máximo, 40%. "A idéia é expandir os conceitos que a criança está recebendo na sua série. É contraproducente estimular a criança a adiantar anos na escola. É essencial que ela conviva com crianças da mesma idade."


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