São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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Prisão fere democracia, diz sindicalista

Presidente de entidade que representa controladores civis afirma que FAB está sempre com o tom de mandar prender

Advogado do sargento punido com 24 dias de prisão administrativa disse que vai tentar anular a decisão da Aeronáutica

DA SUCURSAL DO RIO

A ordem de prisão administrativa do presidente da Febracta (Federação Brasileira das Associações dos Controladores de Tráfego Aéreo), sargento Carlos Trifilio, fere a democracia e a liberdade de expressão, afirma Jorge Botelho, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Vôo -entidade que representa os controladores civis. Para Botelho, a prisão, prevista no regulamento militar, representa o "tom" da Aeronáutica com os controladores.
"Eles estão sempre com esse tom de mandar prender." Trifilio, 39, foi punido a um total de 24 dias de detenção por ter, em duas entrevistas, "travado polêmica sobre assunto militar e por ter promovido crítica às autoridades", segundo a Nota de Punição Disciplinar Militar. Além disso, foi acusado de usar o telefone de trabalho para insuflar outros controladores contra seus superiores. A pena, a ser cumprida na base aérea de São Paulo, deve ser iniciada em 2 de julho.
A punição, divulgada na quarta-feira, segundo dia da nova crise aérea, acirrou os ânimos dos controladores, conforme apurou a Folha. Segundo Botelho, apesar de a prisão fazer parte da filosofia militar, ela não se enquadra na discussão atual.
"Ele não fez as declarações como sargento, mas como presidente de entidade civil. Se os oficiais podem criticar as associações, por que não pode ocorrer o oposto? Ele tem direito de se defender. Antes de ser militar, ele é um cidadão." O advogado Tadeu Corrêa, defensor de Trifilio, disse que vai tentar anular a ordem de prisão. Ele afirmou que seu cliente foi privado de julgamento e direito a defesa.
"Alguém que prima pela segurança da população foi punido por dizer a verdade." Segundo Corrêa, o sargento só relatou as condições de trabalho. De acordo com Corrêa, durante o período em que estiver detido, o sargento será escoltado pela guarda da Aeronáutica para atividades como refeições e até idas ao banheiro. Além disso, deixará de receber seu salário, em torno de R$ 3.000. "Isso é o mais grave: deixá-lo sem ganhar", disse o advogado.


Colaborou KLEBER TOMAZ, da Reportagem Local, e a Sucursal de Brasília


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