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Prisão fere democracia, diz sindicalista
Presidente de entidade que representa controladores civis afirma que FAB está sempre com o tom de mandar prender
Advogado do sargento punido com 24 dias de prisão administrativa disse que vai tentar anular a decisão da Aeronáutica
DA SUCURSAL DO RIO
A ordem de prisão administrativa do presidente da Febracta (Federação Brasileira
das Associações dos Controladores de Tráfego Aéreo), sargento Carlos Trifilio, fere a democracia e a liberdade de expressão, afirma Jorge Botelho,
presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Vôo -entidade que representa os controladores civis.
Para Botelho, a prisão, prevista no regulamento militar,
representa o "tom" da Aeronáutica com os controladores.
"Eles estão sempre com esse
tom de mandar prender."
Trifilio, 39, foi punido a um
total de 24 dias de detenção por
ter, em duas entrevistas, "travado polêmica sobre assunto
militar e por ter promovido crítica às autoridades", segundo a
Nota de Punição Disciplinar
Militar. Além disso, foi acusado
de usar o telefone de trabalho
para insuflar outros controladores contra seus superiores.
A pena, a ser cumprida na base aérea de São Paulo, deve ser
iniciada em 2 de julho.
A punição, divulgada na
quarta-feira, segundo dia da
nova crise aérea, acirrou os ânimos dos controladores, conforme apurou a Folha.
Segundo Botelho, apesar de a
prisão fazer parte da filosofia
militar, ela não se enquadra na
discussão atual.
"Ele não fez as declarações
como sargento, mas como presidente de entidade civil. Se os
oficiais podem criticar as associações, por que não pode ocorrer o oposto? Ele tem direito de
se defender. Antes de ser militar, ele é um cidadão."
O advogado Tadeu Corrêa,
defensor de Trifilio, disse que
vai tentar anular a ordem de
prisão. Ele afirmou que seu
cliente foi privado de julgamento e direito a defesa.
"Alguém que prima pela segurança da população foi punido por dizer a verdade." Segundo Corrêa, o sargento só relatou as condições de trabalho.
De acordo com Corrêa, durante o período em que estiver
detido, o sargento será escoltado pela guarda da Aeronáutica
para atividades como refeições
e até idas ao banheiro. Além
disso, deixará de receber seu
salário, em torno de R$ 3.000.
"Isso é o mais grave: deixá-lo
sem ganhar", disse o advogado.
Colaborou KLEBER TOMAZ, da Reportagem Local, e a Sucursal de Brasília
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