São Paulo, sábado, 22 de julho de 2000


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INVERNO
Bronqueolite também está entre os males mais frequentes nesta época de frio; segundo médicos, número de casos cresceu
Pneumonia é a que mais ataca crianças

GABRIELA SCHEINBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Pneumonia e bronqueolite, doenças que acometem as vias respiratórias, estão liderando a incidência de males provocados pelo frio em crianças neste inverno.
Embora não haja números para essas doenças, pois não são de notificação compulsória, especialistas perceberam o aumento no número de pessoas doentes.
A pneumonia, caracterizada pela infecção dos pulmões, é provocada principalmente por bactérias. "Ela acomete com maior frequência os mais velhos e os mais novos", disse Luiz Bellizia Neto, médico-assistente do Instituto da Criança, em São Paulo. O tratamento para pneumonia consiste na administração de antibióticos e de outros medicamentos.
Crianças com menos de 2 anos correm mais risco de ter bronqueolite, doença provocada por um vírus. "Quanto mais nova for a criança, maior será o risco."
A doença acomete as vias aéreas inferiores. "A criança apresenta sintomas semelhantes ao de uma gripe comum e depois piora."
A doença também causa inapetência, o que piora o caso. Quadros mais graves podem causar uma insuficiência respiratória. As crianças devem ser internadas para receber oxigênio e reverter o quadro.
Para evitar a pneumonia e a bronqueolite, assim como as demais doenças do inverno (sinusite, gripes, entre outras), o mais importante, segundo Bellizia, é manter as crianças bem nutridas. "Crianças desnutridas estão em desvantagem", disse.
Uma outra forma de evitar as doenças é praticando esporte, segundo Jacob Faintuch, clínico-geral do Hospital das Clínicas, em São Paulo. "A prática do esporte melhora o sistema de defesa e evita infecções", disse.
No entanto, o esporte deve ser praticado com moderação. "O excesso de exercício tem o efeito oposto", diz Faintuch.
Evitar locais aglomerados, que facilitam a transmissão da doença, também ajuda a prevenir os males do inverno.
Muitos pais fecham todas as janelas e portas para evitar o ar frio, no entanto, isso acaba tornando o local propício para a transmissão dos vírus e bactérias responsáveis pelas doenças do inverno.
"Se os pais forem fumantes, a fumaça acaba irritando as crianças ainda mais", disse Bellizia.

Falta de chuva
Um fator agravante deste inverno é a falta de chuva, o que acaba acumulando os poluentes que agridem as vias respiratórias, informou Carlos Carvalho, supervisor do serviço de pneumologia do Hospital das Clínicas.
O ar frio é também responsável pela agregação dos poluentes, além de provocar a paralisação dos cílios, localizados nas vias respiratórias. Os cílios são um mecanismo de defesa que, quando ausentes, facilitam a infecção.
"A combinação desses fatores provocou um aumento de casos de doenças respiratórias em adultos", disse Carvalho.
Segundo ele, houve um aumento esperado das doenças de janeiro a julho, principalmente após a entrada do inverno. "Pessoas com males crônicos, como asma e bronquite, também apresentaram uma piora do quadro", disse.
A gripe que assustou o mundo em janeiro, provocando a morte milhares de europeus, não acometeu os brasileiros. Segundo Carvalho, houve uma incidência de uma gripe mais forte em abril e em maio, mas a gravidade não foi igual à observada no Hemisfério Norte no começo do ano.
"A maior parte das pessoas tomou a vacina antigripal, que incluía os agentes causadores da supergripe", informou.
O frio pode ser responsável também por uma maior incidência de infartos, de acordo com Faintuch. "Não se sabe ao certo se o aumento é causado pelo frio ou pelas doenças respiratórias", disse. "Mas há um aumento, embora o tema ainda seja controverso."



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